Um nome estranho?
Talvez para aqueles que jamais se arriscaram a olhar para dentro de si mesmos.
Pessimismo nesse nome?
Acredito que não. Apenas uma metáfora na busca demonstrar como vejo o meu interior.
Na verdade, esse nome não é criação minha, mas é o título de uma música do Fruto Sagrado. Identifiquei-me com a frase, ainda mais com a letra da música porque é uma das poucas que conheço com a coragem de admitir a nossa bagunça interior. Sim bagunça, pois é isso que porão geralmente significa.
Não quero generalizar e dizer que todos temos uma alma bagunçada. Mesmo porque iria contra tudo aquilo em que acredito. E também porque conheço pessoas - pouquíssimas é verdade - que tem sua alma muito bem organizada.
(mas a minha....)
A imagem do porão é interessante. Nos filmes, esse lugar é na maioria das vezes tratado como um lugar sombrio. Quem não lembra do filme "Meus vizinhos são um terror", onde toda a vizinhança acreditava que os estranhos moradores de uma antiga casa enterravam os mortos no porão da mesma. E para desvendar o mistério, Tom Hanks, com sua pá, cavouca até conseguir estourar o encanamento de gás e mandar a casa pelos ares. Ou então do filme "O iluminado", no qual o porão era local em que ficavam guardados os aquecedores que mais pareciam fornos para cremação de mortos (se bem que um deles quase serviu para isso).
Na vida real, quando esses lugares não são alugados para pessoas que não conseguem pagar um local digno para se viver, sendo obrigadas a tolher a privacidade de um verdadeiro lar, aguentando assim os pés vizinhos quase derrubando o assoalho, além do falatório dos moradores de cima (que por sinal são os donos do porão), o porão quase extinto em nossos dias é usado como incubatório para a criação de aranhas, baratas, ratos e toda a espécie de seres vivos que parecem ter sido criados somente para causar nojo nas mulheres (e nos homens, apesar de não se admitir muito).
Também não podemos esquecer que é nesse local onde são guardados todos os objetos que por preguiça não são levados ao lixeiro, ou por se iludir que um dia eles serão reutilizados (acredito que essa última seja a desculpa mais utilizada). Enfim, é no porão onde todas as coias que não se deseja mais utilizar por não ter mais serventia são guardadas.
Além da bagunça que caracteriza quase a totalidade desse aposento - que é o único onde o arquiteto não entra para decorar -, grande parte deles também possui um clima meio "pantanoso". É. Em alguns deles você encontra mais espécies de fungos e bactérias do que em muitos lugares onde esses deveriam naturalmente estar. É claro que isso se deve ao fato da umidade, ausência de luz solar, ventilção e de tantos outros fatores que permite que tal adaptação aconteça.
Pois bem. De modo geral acredito que seja assim que nosso tão desprezado porão se apresenta. E não creio que o porão da minha alma esteja muito diferente. Por isso, estou afim de dar uma ajeitada nele. Mas não quero ir sozinho. Tenho medo. Ele é escuro. A única luz que entra é através de uma pequena janela. A janela é meu coração. E a luz, são aquelas pessoas que me ajudam de uma forma ou outra a olhar para dentro.
Por isso, abro as portas "do porão da minha alma" para todos aqueles que quiserem conhecê-lo comigo.
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