28.2.07
Novamente questionaram sobre minha fé

Sou um crente enrustido sim.

Luto para não ser, mas é difícil.
Mas não sou calvinista.
Nem barthiano.
Sou crente, apenas isso.
Pego a teologia que me convém na hora.
Mas busco mesmo é a beleza.
E para essa, não há teologia, só poesia.

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27.2.07
o amor é um pássaro selvagem
Não sei o que é mais doloroso:
amar quem recusa nosso amor;
ou amar quem guarda nosso amor só pra si.
Ambos pra mim denotam egoísmo.
E ambos não entedem o que é ser amado.

Já postei anteriormente esse pensamento. E estive refletindo um pouco sobre ele na última semana.

Posso dizer que experimentei na prática essas palavras. Contudo, tive mais claridade quando li um texto de Thomas Merton - "Só amor dado é amor guardado" - no qual ele diz o seguinte:

O dom do amor é o dom de poder e da capacidade de amar, e, por conseguinte, dar o amor plenamente é também recebê-lo. Assim, só o amor que é repartido pode ser conservado, e ele só pode ser perfeitamente dado, quando é também recebido.

Basicamente, Merton defende a idéia que o amor deve ser sempre passado para frente, e não devemos guarda-lo para nós. Usando uma metáfora do Rubem Alves, o amor é como um pássaro selvagem: nasceu para viver livre e quando engaiolado, perde o sentido de ser selvagem, perde seu próprosito de ser, perde sua vida.

A grande questão está sobre atitude egoísta. Ao meu ver, tanto quem recusa o amor como aquele que o guarda somente para si expressa tal atitude. Para falar sobre àqueles que guardam o amor somente para si, sirvo-me novamente das palavras de Merton:

O amor egoísta raramente respeita o direito do amado a ser uma pessoa autônoma. Longe de respeitar o verdadeiro ser do outro, e permitir à sua personalidade, que cresça e se expanda conforme a sua original expressão, esse amor procura guardá-lo em sujeição. Insiste em que ele se conforme a nós, e ainda se esforce de todos os modos para o conseguir. Um amor interesseiro definha e morre se não é alimentado pela atenção do amado. Quando amamos assim, os nossos amigos só existem para que os possamos amar. Amando-os, o que procuramos é domesticá-los e guardá-los como coisas nossas. A esse amor, o que mais amendronta é a emancipação do amado. Ele exige-lhe a sujeição, indispensável a sua existência.

Por sua vez, aquele que recusa ser amado é egoísta por negar a partilhar de si com outro. Porque quando nos permitimos ser amados, estamos nos abrindo para a entrada de alguém em lugares nos quais jamais gostariamos de ser conhecidos. Permitimos ao outro partilhar de nossos desejos, alegrias, sofrimentos. Partilhamos tudo aquilo que está englobado no verbo viver.

Um nexo fundamental entre as duas atitudes egoístas me parece ser o medo. Para quem deseja o amor só para si, o medo se refere ao fato de perder o amor para os outros. Para quem não quer ser amado, o medo está em se perder no amor do outro.

E qual seria uma possível solução a esse dilema?

Bem, me parece que Thomas Merton oferece uma resposta satisfatória. "O amor não busca uma alegria que seja consequência do seu efeito: a sua alegria está no próprio efeito, que é o bem do amado. Por conseguinte, se o meu amor é puro (leia-se não egoísta), eu não tenho sequer de procurar para mim mesmo a satisfação de amar. O amor só busca uma coisa: o bem do amado. Ele deixa aos outros efeitos secundários o cuidado de si mesmos. O amor, portanto, é a sua própria paga (...) Temos de purificar o nosso amor, renuciando ao prazer de amar como um fim em si. Enquanto nosso fim for prazer, seremos desonestos para conosco e para aqueles que amamos. Procuramos não o seu bem mas o nosso prazer."

E quanto ao medo de sermos domesticados pelo amor do outro, nada melhor do que uma dose de discernimento: "O amor egoísta toma, muitas vezes, um ar desinterassado: é quando está querendo fazer ao amado alguma concessão com o fim de guardá-lo prisioneiro. Mas este é o supremo egoísmo, comprar o que é melhor duma pessoa, a sua liberdade, a sua integridade, a dignidade de pessoa autônoma ao preço de bens muito inferiores".

Amar e ser amado, para mim, é sentir-me livre no amor do outro e deixar o outro livre no meu amor.

É não encontrar a mim no outro, e não ser a imagem do outro em mim.
É sim buscar o bem dos outros e sentir-me bem quando o outros encontram o bem almejado.

É sentir-me um pássaro selvagem, sendo livre e libertando a quem amo de suas gaiolas.

(Thomas Merton, Homem algum é uma ilha, Editora Agir, 1961).

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26.2.07
Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência?
Hoje recomeçaram as aulas. E lembro-me como esperava ansioso por esse dia alguns anos passados. Não que eu tenha perdido a vontade de estudar. A verdade é que cansei da acadêmia. Dessa pseudo-seriedade e compromisso com o saber, tão mal encenado nos palcos universitários ou em qualquer outro teatro que advogue a causa do conhecimento.

Cansei de debater sobre assuntos irrelevântes, irreais, irrisórios, irritantes, írritos.

Não desisti da busca pelo saber. Considero-me ainda um amante da sabedoria. Encanto-me com ela e a enamoro mais e mais a cada amanhecer, e desejo sua companhia todo o dia, e ao entardecer recolho-me com ela desejando tê-la em meus sonhos enquanto adormeço, para acordar já em sua presença, e enamora-la continuamente.

Mas não quero mais o conhecimento acadêmico. Tudo isso que é encenado na acadêmia não passa de opiniões elevadas ao nível de conhecimento por aqueles que dizem saber algo. Quero sim aquilo pregado por Caeiro. O conhecimento nascido da vida, e vida vivida no corpo, não na cabeça. Quero conhecimento poético, que não nasce do pensar sobre a vida, e sim de senti-la e vive-la.


Todas as Opiniões

Todas as opiniões que há sobre a Natureza
Nunca fizeram crescer uma erva ou nascer uma flor.
Toda a sabedoria a respeito das cousas
Nunca foi cousa em que pudesse pegar como nas cousas;
Se a ciência quer ser verdadeira,
Que ciência mais verdadeira que a das cousas sem ciência?

Fecho os olhos e a terra dura sobre que me deito
Tem uma realidade tão real que até as minhas costas a sentem.
Não preciso de raciocínio onde tenho espáduas.
(Alberto Caeiro)

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25.2.07
meu universo é de palavras
Uma feliz e surpreendente notícia essa semana. Você percebeu que no menu à direita, logo abaixo do meu perfil, existe um selo do Coke Ring. Esse selo atesta a minha participação num rankiamento de blogs promovido pela Coca-Cola. Confesso que no início fiquei empolgado, mas depois de conferir a qualidade dos participantes, contentei-me em ter o meu espaço divulgado junto de tantos outros.

É disso que nasceu a grata supresa da semana. Recebi um e-mail noticiando a presença do "Aletômetro" entre os "Top 10" da quinzena. Tá certo. Ele está em 10º, mas para quem não esperava nada, está mais do que excelente.

A minha falta de expectativas quanto a entrada no "Top 10" se referia principalmente ao estilo do meu blog. O template é pronto, não possuí muitas fírulas, é bastante pessoal, e o que mais pesa: contém apenas palavras, nada de imagens - apenas palavras.

Não digo isso minimizando meu espaço ou tentando ganhar a simpatia e elogios de você que me mede as minhas verdades comigo. Também não falo a partir da comparação da qualidade do meu blog em relação aos demais. Digo tudo isso feliz, pois, se você visitar (e eu recomendo que o faça) o ranking do qual participo, notará que o meu é o único composto apenas de palavras e com textos, de certo modo, melancólicos e que falam basicamente do meu universo. Sei que ao convidar-te a fazer isso pareço estar contradizendo a afirmação de não estar comparando o "Aletômetro" aos demais. Mas digo a você: não estou fazendo isso, e explico.

Considero este espaço meu universo. Uma exteriorização do meu interior. E por diversas vezes (aqui, aqui e aqui) já disse isso. E quando digo "meu universo", o faço me remetendo ao que já disse Milan Kundera:

"O episódio de Banaka, que apontava o dedo indicador para o peito, chorando, porque não existia, me lembra um verso de 'O divã ocidental-oriental de Goethe': "Estamos vivos quando outros homens vivem?" Na pergunta de Goethe se esconde todo o mistério da condição de escritor: o homem, pelo fato de escrever livros, transforma-se em universo (não se fala do universo de Balzac, no universo de Tchekhov, no universo de Kafka?) e o próprio de um universo é justamente ser único. A existência de um outro universo o ameaça na sua própria essência (...) Aquele que escreve livros é tudo (um universo único para si mesmo e para todos os outros) ou nada. E porque nunca será dado a ninguém ser tudo, nós que escrevemos livros não somos nada. Somos desconhecidos, ciumentos, azedos, e desejamos a morte do outro (...) Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo diferente, e por isso quer, enquanto ainda é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras." (O livro do Riso e do Esquecimento, p. 101).

E pelo "Aletômetro" ser composto "apenas de palavras", não titubeio em dizer que sou um corpo de palavras. Recordo-me de uma conversa com a René, amiga a quem tanto amo, sobre a minha dificuldade de ver as coisas materialmente. Vez em quando, em nossos papos no msn, recorro em seu axílio para conseguir enxergar o mundo objetivamente. Também é por isso que adoro Alberto Caeiro, pois ele apenas vê a realidade, e como ele mesmo diz:

Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
(trecho de "A espantosa realidade das coisas")

E diz novamente:

O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
(trecho de "O que nós vemos")

E diferente de Caeiro eu preciso esforçar-me para vêr o mundo. E é por isso que tenho tanta dificuldade em colocar imagens nesse espaço. É por isso que ele é monocromático e transmite uma certa melancolia. Mas tudo porque o importante para mim não é o template, as imagens, as cores: mas as palavras. Enquanto escrevo cada palavra, sinto a vibração delas dentro de mim. Vibro com a força de cada uma, ouço cada expressão, vejo cada coisa que ela indica, enamoro toda a vida ou morte que ela transmite.

Meu universo é de palavras. E estou feliz, pois, num universo de blogs coloridos, cheios de imagens, textos alegres e que falam do cotidiano da vida de cada um, o meu universo está colocado entre os dez mais interessantes. E parafraseando Kundera, "o escritor está convencido de que um só olhar humano que não esteja presente nas linhas de sua obra coloca em questão a sua própria existência."

Nesse exato momento você afirma minha existência. São os seus olhos sobre essas linhas, que dão existência ao meu universo feito de palavras.

À você, uma palavra permeada de amor: obrigado.

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24.2.07
ler: uma disciplina espiritual
Estou revisitando alguns dos meu tutores espirituais. Deixei-os de lado por um tempo tentando traçar sozinho os meus caminhos. Mas não adianta, é preciso render-se ao fato de que, se tratando das coisas da vida, sou apenas um iniciante.
Quero partilhar com você uma meditação de Thomas Merton, monge trapista, sobre a disciplina da leitura. Independente das questões religiosas envoltas, espero que assim como eu você possa ver na arte de ler, além de um modo de aquisição de conhecimento e cultura, um momento místico de transcendência e interpenetração.
E atenção: não se trata apenas de uma leitura: é uma meditação. Por isso, disponha-se a ler e não apenas passar os olhos ;-)

Ler deveria constituir um ato de homenagem ao Deus de tôda Verdade.

Abrimos nossos corações a palavras que refletem a realidade por Êle criada ou a maior realidade que é Êle mesmo. É também um ato de humildade e reverência para com outros homens, que são instrumentos por meio dos quais Deus nos comunica a sua verdade.

A leitura dá a Deus maior glória quando a aproveitamos melhor, quando é um ato mais profundamente vital, não só da nossa inteligência, mas de toda a nossa personalidade, absorvida e refeita na reflexão, na meditação, na oração, ou até mesmo na contemplação de Deus.

Os livros podem falar-nos como a voz de Deus, ou a dos homens, ou como a algazarra da cidade em que vivemos. Falam-nos com a voz de Deus quando nos trazem luz e paz e nos enchem de silêncio. Falam-nos com a voz de Deus quando desejamos nunca dêles nos separar. Falam-nos com a voz dos homens quando sentimos desejo de ouvi-los novamente. Falam-nos como a algazarra da cidade quando nos mantêm presos por uma lassidão que nada nos comunica, não nos dão paz, nem confôrto e, no entanto, não nos deixam escapar ao seu engôdo.

Livros que falam com a voz de Deus fazem-no com demasiada autoridade para nos divertir. Os que falam com a voz de homens bons, nos atraem pelo seu encanto humano; cresecemos encontrando nêles nossa semelhança. Ensinam-nos a melhor nos conhecer reconhecendo-nos num outro.

Livros que falam como a algazarra das multidões nos reduzem ao desespêro pelo simples pêso do seu vácuo. Distraem-nos como as luzes das ruas da cidade à noite, com esperanças que não podem ser realizadas.

Por maiores e por mais amigos que nos possa ser os livros, não substituem, todavia, pessoas; são apenas meios de contacto com grandes personalidades, com homens que possuíam mais do que sua parte individual de humanidade, homens dotados de qualidades para o mundo inteiro e não apenas para si.

Idéias e palavras não constituem o alimento da inteligência, mas sim da verdade. E não uma verdade abstrata, que alimenta apenas o espírito. A Verdade que um homem espiritual busca é a Verdade total, realidade, existência e essência conjuntamente, algo que possa ser abraçado e amado, algo que possa receber a homenagem e o serviço de nossas ações; mais do que uma coisa, mas pessoas ou uma Pessoa. Aquêle cuja essência é sobretudo existir: Deus.

Cristo, a Palavra Encarnada, é o Livro da Vida. Nêle é que lemos Deus.

(Thomas Merton, Na liberdade da Solidão. Editora Vozes, 1961, p. 55s.)

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23.2.07
rompimento
Só quem já levou uma "pantufada no bumbum" sabe o que é sofrer por amar.

Rompimento

Só em pensar - choro.
E ao te ver - coro.
Pra te encontar - demoro.
E pra te esquecer - oro.

Me recuperar - espero.
E reviver - quero.
Deixar de te amar - anelo.
Pois ter e te perder - flagelo.

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21.2.07
se me amas, me deixe ir
Quando amamos, nos entregamos.
E quando somos amados, não nos tornamos prisioneiros de quem amamos.
Nos tornamos livres, porque também recebemos o outro.
E nesse entregar e receber liberto a mim e aquele que amo.
Mas quando aprisionamos ou somos aprisionados, o amor, que traz prazer e ânimo para viver, se torna dor, nos faz sofrer, e perante a vida, padecer.

Se me amas, me deixe ir

Antes de você, eu era tão só a ponto de pedir socorro.
E agora que sou teu, sinto-me como.... sim, como um cachorro.
Pois estou tão domesticado que você pedindo, deito, rolo, morro.
E pode até maltratar, que choramingo, me encolho, mas não corro.

Por essas e outras, meu mundo perdeu a cor.
E pode refazer o traços, mudar a tinta, fazer o que for.
Porque nada disso pode dar vida novamente ao meu amor.
Que foi domesticado, e por isso, agora, tornou-se apenas dor.

Clamei a ti por socorro;
Entreguei-me para curar a dor;
Domesticou-me como um cachorro;
E conseguis-te acabar com o meu amor.

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20.2.07
amar também dói
Um comentário que deixei no blog da Erika (que vale a pena conferir)

Não sei o que é mais doloroso:
amar quem recusa nosso amor;
ou amar quem guarda nosso amor só pra si.
Ambos pra mim denotam egoísmo.
E ambos não entedem o que é ser amado.

Triste sina essa de amar e ver que o amor se esvai como os lagos evaporam por falta de chuva.

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nada objetivo e pragmático
Penso demais

Falo de menos

Ajo apenas no extremo da situação....

....por isso minha vida continua sempre igual,
e deixo escapar por entre os dedos aquilo que mais desejo.

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posted by rafael at 01:36 | Permalink | 0 teste tua chave
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19.2.07
teus lábios é o meu desejo
Eu poderia ter tocado teus lábios,
mas não o fiz.
Não por ter motivos sábios,
e muito menos porque não quis.

Certamente me faltara atitude;
pensei demais sobre o que haveria de fazer.
Devia eu ter me entregue ao atrevimento da juventude
e ter possuído assim teus lábios, minha ânsia de prazer.

Como isso me atormenta agora!
Será que pareci covarde, inseguro, um iniciante?
Rogo ao tempo que ele passe sem demora,
para estar contigo, para ter teus lábios, para tê-la como amante.

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solidão
Solidão se refere sempre a nossa condição de afastamento em relação a outros, mas nunca em relação a si mesmo...

...e o pior da solidão não é estar afastado dos outros, mas ficar a sós consigo.

Pode alguém ser capaz de suportar a si sozinho?

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18.2.07
destino
DESTINO. Eis uma palavra, dentre tantas, que eu odeio. Ela sempre soa com ar de derrota para mim. É. Porque nunca vi alguém que se deu bem dizer "o destino assim o quis". Sempre os perdedores, os derrotados, os frustados, invocam a influência do destino sobre suas vidas.

Se bem que nos últimos dias eu tenho advogado o destino também.......

Mas quero partilhar aqui um trecho da obra "O livro do riso e do esquecimento" de Milan Kundera, no qual ele discorre brevemente sobre o destino.

"(...) Depois da chegada dos russos, quando recusou-se a negar suas convicções, foi demitido de seu trabalho e cercado por policiais vestidos à paisana. Isso não o abateu. Estava apaixonado pelo seu próprio destino e sua caminhada para a ruína parecia-lhe nobre e bela.
Compreendam-me bem: eu não disse que ele estava apaixonado por si mesmo, mas por seu destino. São duas coisas totalmente diferentes. Como se sua vida se emancipasse e tivesse de repente seus próprios interesses, que não correspondiam de maneira alguma aos de Mirek. É assim que, na minha opinião, a vida se transforma em destino. O destino não tem intenção de levantar nem ao menos o dedo mindinho por Mirek (por sua felicidade, sua segurança, seu bom humor, sua saúde), enquanto que Mirek está pronto a fazer tudo por seu destino (por sua grandeza, sua beleza, seu estilo e seu sentido). Ele se sente responsável por seu destino, mas seu destino não se sente responsável por ele".

É por isso que a crença no destino é um excelente ópio para amenizar as frustrações nascidas das nossas derrotas e impossibilidades nas tentativas de realizar nossos sonhos. E os sonhos não nascem da contemplação do nosso destino, mas sim do amor que temos por si mesmo.

Feliz daquele que alcança a benevolência do destino e consegue conciliá-lo com o seu amor próprio.

Diferentemente de Mirek, na loteria do destino eu saí perdendo.

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17.2.07
cordeiro e não mártir
Mártir: 1. Quem sofreu torturas ou a morte, por sustentar a fé cristã; 2. Quem sofre muito. (Aurélio)

Achei interessante essa definição, principalmente pela primeira parte. Se bem me lembro dos resultados de alguns estudos que fiz, pode-se falar de três tipos de mártir: 1) aquele em potencial, sendo perseguido por causa do testemunho que dá de sua fé; 2) aquele que realmente foi martirizado (sofreu tortura ou morte) pela sua fé; 3) todos aqueles que eram alvo da perseguição coletiva empregada pelos romanos contra os cristãos. Mártir é uma palavra de origem grega - martys -, que significa "testemunha". Compartilha da mesma raiz que martyria (testemunho) e martyromai (dar testumunho, testificar, afirmar).

De certa forma, a grande personagem do cristianismo - Jesus - foi um mártir, visto que ele morreu por uma causa: pelo perdão dos pecados da humanidade. E foi um mártir voluntário segundo a fé cristã. Os seus discípulos, desde os chamados apóstolos, também foram mártires voluntários, pois sofreram e morreram em nome de uma causa: proclamar a fé cristã.

Chegou um momento da história do cristianismo, principalmente a partir da metade do século I até a oficialização do cristianimo como religião oficial, no qual ser mártir era sinal de status. Os crentes, voluntariamente, se entregavam ao martírio a fim de galgar um lugarzinho melhor no paraíso, e conseguir um espaço entre os nomes mais badalados na história da igreja.

Depois que o cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Católico Romano (processo iniciado em 313 d.C com a conversão de Constantino), acabou a farra do martírio por perseguição devido a profissão de determinada fé. Contudo, o sofrimento em nome da fé continuou, mas agora sendo exercido por meio do auto-flagelamento (coisas que vemos ainda hoje como chicotear-se, passar fome, etc., principalmente no mundo islâmico). Tudo tinha como objetivo proclamar a fé cristã e denunciar a pecaminosidade do mundo. Sem contar que isso também garantiria um bom lugar no céu.

Todas essas práticas de sofrimento, seja o sofrimento oriundo de perseguição ou pelo auto-flagelo, sempre eram feitos voluntariamente (não vamos entrar na discussão se as pessoas eram manipuladas ou não pelo sistema). E segundo a perpectiva histórica cristã, foi graças ao testemunho de fé dos mártires, suportando todo tipo de sofrimento, chegando até a morte, que a fé cristã alcançou ao mundo e hoje é uma das maiores religiões mundiais. Foi graças a prova de fé dos cristãos que o mundo conheceu o poder e a verdade do cristianismo.

Falei tudo isso por que nessas semanas na qual o principal assunto no Brasil foi a morte do menino João Hélio, ouvi alguém dizer que ele é mais um mártir da história do Rio de Janeiro. Concordo em certo ponto, pois, na definição dada no começo, mártir é alguém que sofre muito. E não preciso me referir nem ao sofrimento da família, e muito menos ao dele.

E confesso que me soou estranho num primeiro momento, porque para mim, mártir é sempre alguém que voluntariamente se entregou ao sofrimento em nome da causa na qual acredita. É testemunha voluntária da verdade que proclama. E no caso do menino, não percebo voluntariedade alguma no seu ato. Muito pelo contrário.

Me parece que estamos transformando o menino em mártir porque nós temos medo de sermos testemunha da verdade que "defendemos". Ouço todos falando sobre justiça, segurança, direito a vida. Mas não vejo ninguém se voluntariando a sofrer por essa causa. Infelizmente precisamos que outras pessoas morram para que possamos utilizar o sofrimento delas para proclamar aquilo que acreditamos. Somos covardes e necessitamos sempre de um cordeiro para pagar pelos nossos pecados.

Infelizmente sacrificamos a vida de um menino em nome de um desejo coletivo, pois nem uma única pessoa tem coragem de ser mártir por essa causa. João Hélio não é um mártir. É sim mais um cordeiro sacrificado, como consequência do nosso pecado de não assumirmos a tarefa de ser mártires em nome da vida.

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15.2.07
basta apenas umas poucas palavras
Não é de palavras que vive o poeta.
Na verdade, as palavras revelam que o poeta vive.
Ainda que elas apareçam apenas uma única vez para dizer isso.
Assim, poeta não é aquele que escreve muito.
Mas é aquele que quando escreve, diz tudo.
Foi isso que aprendi com José Saramago.

Poema à boca fechada

Não direi:
Que o silêncio me sufoca e amordaça.
Calado estou, calado ficarei,
Pois que a língua que falo é de outra raça.

Palavras consumidas se acumulam,
Se represam, cisterna de águas mortas,
Ácidas mágoas em limos transformadas,
Vaza de fundo em que há raízes tortas.

Não direi:
Que nem sequer o esforço de as dizer merecem,
Palavras que não digam quanto sei
Neste retiro em que me não conhecem.

Nem só lodos se arrastam, nem só lamas,
Nem só animais bóiam, mortos, medos,
Túrgidos frutos em cachos se entrelaçam
No negro poço de onde sobem dedos.

Só direi,
Crispadamente recolhido e mudo,
Que quem se cala quando me calei
Não poderá morrer sem dizer tudo.

(José Saramago. In OS POEMAS POSSÍVEIS, Editorial CAMINHO, Lisboa, 1981. 3ª edição)

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13.2.07
padrão de beleza
Não sou feio
Nem bonito
Posso estar no meio
Talvez eu seja esquisito

Sou uma ripa de magreza
E nem me ocupo em engordar
Porém, escapo ao que chamam de beleza
Mas e daí? Sou eu quem precisa se gostar

Contudo, não nego o que me incomoda
Que nesse mundo, para alguém lhe apreciar
É preciso muito mais andar na moda
Do que o grande gesto de amar

E quem dera eu poder mudar
O conceito do mundo, todo seu quesito
Colocando entre todos, no mais alto lugar
A beleza do amor; e não mais ser esquisito.

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12.2.07
morena juliana
Para minha amiga Juliana Ingrid Ribeiro. Um misto de lembranças, histórias e sentimentos.

Morena Juliana

Ah! morena criança
que no centro da rua corre e dança
no meio todos, joga e balança
e no video-game, aquieta e descansa

Ah! morena menina
descoberta tão preciosa quanto uma mina
que sorri gostoso e a mim anima
e conforme cresce, chega e fascina

Ah! morena mulher
que não para de crescer, vai até onde puder
que é tão indecisa, pois é muito o que quer
e por isso o mundo é pequeno, seja onde estiver

Ah! morena Juliana
criança que dança
menina que fascina
mulher que muito quer

E sempre Juliana
Amante de quem a ama.

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nota
Coloquei os devidos créditos no texto "Domingo com você", em homenagem àquela que me inspirou a escrevê-lo e para quem o dediquei.
 
posted by rafael at 00:01 | Permalink | 0 teste tua chave
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11.2.07
balança comercial do amor
Uma conversa minha com a Juliana no msn. As vezes, falar sobre relacionamentos amorosos em outra linguagem que não a poética nos ensina muitas coisas.

_ Jú, passa pra mim teu telefone. Não o aparelho, mas o número (rsrs).
_ O aparelho não dou mesmo!!!!3x2x-3x0x. Perái, deixa eu confirmar se é isso mesmo (...) É, tá certo. 9x0x-5x1x. Números preciosos hein.
_ Por que??? Eles ganham na mega-sena???
_ Praticamente isso
_ Humnmm, entendi.
_ (rsrs)
_ Está se valorizando hein!!!!
_ É... cotação do mercado. Uma hora sobe, outra desce. Agora acho que está em alta!!
_ (rsrs) Me diga como fazer para investir, porque eu estou em baixa. O dólar baixo desvaloriza a minha mercadoria. Ou preciso de um produto novo.
_ Bom...o mercado é algo bem subjetivo. Aconselho você a trabalhar com especulações, e saber fugir delas.
_ Sei.
_ Mas o melhor é saber apostar no seu produto. Principalmente depois que já teve os custos de produção. Aí não dá pra refazer; no máximo um make up.
_ Mas não sei. Acho que meu produto saiu de linha
_ (rsrs)
_ E pior que isso não valoriza o produto.
_ Então faça um relançamento.
_ Não dá. Acho que vou ter que esperar alguns anos, pra talvez ter a mesma chance daqueles carros antigos bem conservados (rsrs).
_ Tudo está no marketing. Um relaçamento as vezes pode render lucros; ou levar a bancarrota.
_ Tô mais pra segunda. Mas que nada, acho que estou tentando atingir o público errado, esse é problema. Querendo vender fusca para quem quer ferrari.
_ É...estudo de mercado é necessário. Tem que ver qual é seu nicho. Mas se tiver um bom vendedor, vende-se fusca pra quem procura ferrari. Segmentação de mercado é assim mesmo
_ Preciso de umas lições de marketing. Não estou pronto para essa economia selvagem dos dias de hoje. Não adianta mais querer viver nos tempos em que cada loja tinha sua freguesia própria. Hoje o que vale é a promoção. Rico ou pobre, todos aproveitam (rsrs).
_ Tem toda razão. Leis da selva....

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10.2.07
meu limite
Diga-me "não te amo"
que aceito, ainda de mal grado;

Mas não diga "não me ame"

pois não suporto amor guardado.

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9.2.07
dedo-duro
Está emperrada - graças a ferrugem;
também pesada - por estar raspando no chão,
e ainda barulhenta - pela falta de óleo.

(Isso são horas?!?!?)

É essa porra de porta velha - que sempre denuncia a
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaachegada fora de hora em casa

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8.2.07
insônia
Deito e não adormeço;
Pois tenho café na barriga
E você na cabeça

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7.2.07
só eu sei o que sinto
Pensas que não sofro?
Pois pensas certo
Visto que quem pensa, nunca pensa errado
Mas pensa como lhe convém.

Vês que não sofro?
Pois vês certo
Visto que quem vê, nunca vê errado
Mas vê conforme lhe parece.

Sentes que não sofro?
Pois sentes errado
Visto que para sentir o que sinto
Precisas pensar e ver como eu.

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posted by rafael at 00:36 | Permalink | 0 teste tua chave
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6.2.07
interpretações... nem eu sei o que significa
A seguir, publico um e-mail resposta a uma leitora que escreveu perguntando se a interpretação dela sobre o meu texto "amo-te" estava correta. O texto só não está tão fiel pelo fato de eu ter feito algumas correções gramaticais. Mais a resposta aparece na integra.

Valeu por achar bonito o post, mas sabe, depois que eu escrevi fiquei tão inseguro. Mas muitas pessoas tem comentado e gostado.

Bom, é complicado comentar uma interpretação de seu próprio texto. Ainda mais para mim que sou adepto a teoria de que o texto tem vida própria e fala o que quer, quando quer, e para quem quer. Não vou dizer se a sua interpretação está correta ou não; o que posso dizer apenas é aquilo que meu coração enviou para minha cabeça quando fui escrever.

Já lhe disse que estou testando novas maneiras de escrever, e ultimamente tenho tentado trabalhar com as sensações; tipo, narrar de forma que a pessoa veja a imagem, sinta-se dentro do texto. Tenho tentado escrever de forma que o texto não atinja apenas os olhos e a cabeça do leitor, mas que alcance a totalidade de suas sensações. Se eu consigo isso, eu não sei, hehehe.

Mas quando eu escrevi essa "poesia", eu estava pensando no amor entre duas pessoas (aí entram até os homossexuais), e nem me passou a idéia do lado espiritual em específico (não que eu o negligencie, mas na hora nem pensei nisso). Procurei expressar a contradição desse amor, a falta de lógica presente nele, a finitude e infinitude presente no mesmo instante.

Na minha cabeça eu não estava comparando o amor romântico com o espiritual. Antes disso, eu tentei mostrar como os dois estão presentes ao mesmo tempo: o romântico sempre limitado pelo tempo, espaço e sentimento do outro; o espiritual como algo que nos fazer transcender a nós mesmos e a própria limitação do tempo, espaço e sentimento do outro. Por isso a imagem do mar: olhamos a finitude do mar objetivamente, mas ao mesmo tempo transcendemos a isso ao nos depararmos com o horizonte infinito. A idéia da metáfora: analiticamente fechada numa definição; subjetivamente muitas mensagens e sentidos.

E acho que o amor entre pessoas está sempre perdido nesse meio. Por isso o trecho final dizendo que quando amamos, esperamos e desejamos a infinitude presente no finito, mas nos perdemos por um momento quando vemos que junto da esperança desse infinito há sempre a barreira da finitude. Contudo isso não nos faz desistir pois é somente na esperança de encontrar o infinito no finito que nos entendemos como seres amantes.

Sei lá, pode ter sido isso que eu quis dizer. Mas na verdade, eu acho que essa resposta que tentei dar foi mais uma dentre tantas divagações, na minha constante busca do que seja amar....

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posted by rafael at 01:16 | Permalink | 0 teste tua chave
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5.2.07
justificativa
Não faço poesia só para agradar
Na verdade é meu modo de brincar
Ou melhor, é meu jeito de tagarelar
Numa forma que não seja a de reclamar

Ah. Que digo eu. No mais das vezes faço poesia porque choro
Choro, choro, choro, que me demoro
E só paro quando em cima de cada palavra eu oro
Pedindo pro pai do céu um consolo, um pouco de colo.

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posted by rafael at 14:21 | Permalink | 1 teste tua chave
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4.2.07
domingo com você
Para Mayra Akemi Kuroki, que por ser especial faz de um dia uma eternidade.

Domingo com você

Domingos sem ti eram assim

Tv, comida, tédio
Tudo era sem fim
Nada era remédio

Domingos por ti são assim
Sorrisos, conversas, andanças
Nada fica para mim
Tudo é para nós; são lembranças

Os domingos desde ti
São dias sem pressa
E envolto em saudades

E entre as ansiedades
Aquela que mais me pesa
Se chama domingo, que dedico só a ti.

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posted by rafael at 23:53 | Permalink | 1 teste tua chave
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diagnóstico
Não sou poeta, mas quem é sabe como me sinto:

"O poeta parte no eterno renovamento.
Mas seu destino é fugir sempre ao homem que ele traz em si."
(Vinicius de Morais)

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posted by rafael at 23:27 | Permalink | 0 teste tua chave
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2.2.07
enigma
Por favor

Não queira me conhecer
Pois quanto mais tu me conhece
Menos reconhece
E mais irá desconhecer

E por tu desconhecer
Tanto mais eu reconheço
Que a tarefa de me conhecer
Cabe a mim em todo recomeço.

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posted by rafael at 12:51 | Permalink | 0 teste tua chave
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1.2.07
o bom e mágico futebol brasileiro
Isso pode não interessar a quase ninguém, mas eu preciso dizê-lo.

Quarta-feira a noite e domingo a tarde são momentos sagrados para mim, porque é o horário dedicado ao futebol por parte de todos os canais de televisão. Assisto a qualquer jogo nacional; não sou muito fã do futebol internacional. E quando o jogo passado na tv não me atraí, recorro ao rádio; isso quando ambos não estão ligados juntos.

Todavia, ultimamente tenho perdido o tesão em assitir os jogos. Principalmente em vê-los na televisão. E isso se dá por dois motivos.

Primeiro porque o meu time está uma droga. Tanto que nem me considero mais palmeirense; prefiro dizer que sou simpatizante do time do Parque Antártica. Não digo isso num tom nostalgico, por comparar as mediocres equipes formuladas nos ultimos quatro anos em relação aquelas equipes dos sonhos de 1993 à 1999, formadas graças a parceria com a Parmalat e os magistrais Wanderley Luxemburgo e Luís Felipe Scolari orquestrando os times. Digo olhando para os vergonhosos resultados dos últimos anos.

E fico mais chateado ainda ao ver que essa mediocridade ultrapassa aquela pela qual o futebol brasileiro vem passando. Para um time estar abaixo da péssima média do futebol nacional, os dirigentes precisam fazer um esforço muito grande para mal administrar os clubes.

Por isso, sinto mais tesão e adrenalina torcendo pela derrota do Corinthians do que pela vitória do Palmeiras, e fico mais feliz com a primeira do que com a segunda. E é assim que me defino ultimamente: sou mais anti-corinthians que palmeirense.

O segundo motivo pela minha falta de tesão são as transmissões televisionadas. As imagens até que são boas e se não fosse o ambiente contagiante do estádio, da divertida muvuca da torcida, até diria que vale mais a pena acompanhar o jogo pela tv ao ir até o campo.

Todavia o que desanima assistir os jogos pela televisão são os narradores. Até um tempo atrás eu achava que somente o Galvão Bueno era ruím. Mas com a minha recente migração para outras emissoras noto uma imensa ausência de bons narradores, comentaristas e repórteres. Eles fazem quase tudo; só falta acompanharem o jogo. E o que mais me irrita são aqueles momentos de silêncio, suspenso apenas quando acontece algo em campo que obriga o balbuciar de alguém ou quando aparecem os anuncios comerciais. E quando esses últimos não aparecem, os comentaristas comentam a programação da emissora. Afff....

Toda essa minha reclamação vem acompanhada da minha raiva por mais uma derrota do Palmeiras. Porém eu acho que esse sentimento poderia ser menor se eu tivesse acompanhado o jogo pelo rádio. É bem verdade: os radialistas exageram. Mas pelo menos eles narram e me fazem pensar que vale a pena dedicar umas três horas por semana, sentir emoção ao acompanhar uma partida, e imaginar que o futebol nacional continua sendo o famoso bom e mágico futebol brasileiro.

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posted by rafael at 00:04 | Permalink | 1 teste tua chave
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