DESTINO. Eis uma palavra, dentre tantas, que eu odeio. Ela sempre soa com ar de derrota para mim. É. Porque nunca vi alguém que se deu bem dizer "o destino assim o quis". Sempre os perdedores, os derrotados, os frustados, invocam a influência do destino sobre suas vidas.
Se bem que nos últimos dias eu tenho advogado o destino também.......
Mas quero partilhar aqui um trecho da obra "O livro do riso e do esquecimento" de Milan Kundera, no qual ele discorre brevemente sobre o destino.
"(...) Depois da chegada dos russos, quando recusou-se a negar suas convicções, foi demitido de seu trabalho e cercado por policiais vestidos à paisana. Isso não o abateu. Estava apaixonado pelo seu próprio destino e sua caminhada para a ruína parecia-lhe nobre e bela.
Compreendam-me bem: eu não disse que ele estava apaixonado por si mesmo, mas por seu destino. São duas coisas totalmente diferentes. Como se sua vida se emancipasse e tivesse de repente seus próprios interesses, que não correspondiam de maneira alguma aos de Mirek. É assim que, na minha opinião, a vida se transforma em destino. O destino não tem intenção de levantar nem ao menos o dedo mindinho por Mirek (por sua felicidade, sua segurança, seu bom humor, sua saúde), enquanto que Mirek está pronto a fazer tudo por seu destino (por sua grandeza, sua beleza, seu estilo e seu sentido). Ele se sente responsável por seu destino, mas seu destino não se sente responsável por ele".
É por isso que a crença no destino é um excelente ópio para amenizar as frustrações nascidas das nossas derrotas e impossibilidades nas tentativas de realizar nossos sonhos. E os sonhos não nascem da contemplação do nosso destino, mas sim do amor que temos por si mesmo.
Feliz daquele que alcança a benevolência do destino e consegue conciliá-lo com o seu amor próprio.
Diferentemente de Mirek, na loteria do destino eu saí perdendo.
Se bem que nos últimos dias eu tenho advogado o destino também.......
Mas quero partilhar aqui um trecho da obra "O livro do riso e do esquecimento" de Milan Kundera, no qual ele discorre brevemente sobre o destino.
"(...) Depois da chegada dos russos, quando recusou-se a negar suas convicções, foi demitido de seu trabalho e cercado por policiais vestidos à paisana. Isso não o abateu. Estava apaixonado pelo seu próprio destino e sua caminhada para a ruína parecia-lhe nobre e bela.
Compreendam-me bem: eu não disse que ele estava apaixonado por si mesmo, mas por seu destino. São duas coisas totalmente diferentes. Como se sua vida se emancipasse e tivesse de repente seus próprios interesses, que não correspondiam de maneira alguma aos de Mirek. É assim que, na minha opinião, a vida se transforma em destino. O destino não tem intenção de levantar nem ao menos o dedo mindinho por Mirek (por sua felicidade, sua segurança, seu bom humor, sua saúde), enquanto que Mirek está pronto a fazer tudo por seu destino (por sua grandeza, sua beleza, seu estilo e seu sentido). Ele se sente responsável por seu destino, mas seu destino não se sente responsável por ele".
É por isso que a crença no destino é um excelente ópio para amenizar as frustrações nascidas das nossas derrotas e impossibilidades nas tentativas de realizar nossos sonhos. E os sonhos não nascem da contemplação do nosso destino, mas sim do amor que temos por si mesmo.
Feliz daquele que alcança a benevolência do destino e consegue conciliá-lo com o seu amor próprio.
Diferentemente de Mirek, na loteria do destino eu saí perdendo.
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