31.3.08
das pequenas coisas que irritam
Banho frio pode ser bom para a pele, mas é péssimo para o humor.
 
posted by rafael at 22:36 | Permalink | 3 teste tua chave
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da insistência
A vida é uma vã insistência.

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Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa.
Thiago 4:14
 
posted by rafael at 02:04 | Permalink | 2 teste tua chave
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28.3.08
dos sentimentos

De que vale tantas lágrimas se no seu mar não há sereias.....

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"O coração, se pudesse pensar, pararia."

Do Livro do Desassossego - Bernardo Soares (heterônimo de Fernando Pessoa)

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posted by rafael at 16:10 | Permalink | 3 teste tua chave
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27.3.08
das dores

se até deus morreu

por que desejar viver para sempre?

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sorte

é quando a vida

encontra a morte

e logo finda

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posted by rafael at 12:59 | Permalink | 1 teste tua chave
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26.3.08
produtos
Peter Sloterdijk, na obra “Regras para o Parque humano” nascido a partir de uma palestra proferida em 1999 e na qual dialoga com e responde a “Carta sobre o Humanismo” de Martin Heidegger, procura pensar o ponto obscuro do humanismo, que na sua tese trata-se da produção e domesticação do homem. Sloterdijk não fala de antropologia, e sim de antropotécnica. A tese central da obra é a definição do homem como um produto. Para o autor, desde Platão essa é uma idéia presente na história do pensamento filosófico.

Retomando alguns pontos do diagnóstico feito por Nietzsche do humanismo até então em voga, Sloterdijk considera que a idéia de humanidade não se restringe as relações fraternas entre os homens, mas que também traz implicitamente, e que nos últimos tempos vem se desvelando, a idéia de poder do homem sobre o homem. Nesse ponto torna-se claro o humanismo como uma antropotécnica: o homem é um animal produzido e domesticado por outro homem. E o autor encontra esse projeto já delineado em Platão, que em sua opinião teria desenvolvido um preâmbulo de uma “antropotécnica política”, projeto esse que iria para além da domesticação do humano, visando a criação mais próxima possível do homem ideal.

Lendo essa obra, recordei de um comentário deixado no texto "A infância perdida", do Fábio Centenaro. Reproduzo o comentário logo abaixo.

Concordo com a análise da atual conjuntura moral e social na qual estamos mergulhados. Mas não sei se as crianças foram em algum tempo tratadas como crianças. Tenho comigo que elas sempre foram tidas como mini-adultos e são poucas aquelas que realmente tiveram uma infância dedicada as brincadeiras e a “inocência”.

Basta olharmos a história e ver como o trabalho infantil sempre foi utilizado, e ainda hoje temos esse problema. Cresci no interior do país e com crianças que desde cedo tiveram que trabalhar no campo, plantando, colhendo, tirando leite, ajudando os pais no seu pequeno comércio e indo a escola. E aquelas que tinham uma condição de vida mais abastada, eram colocadas em cursos 'disso' e 'daquilo' porque “é preciso se preparar desde cedo para quando crescer ganhar bem”.

Talvez eu esteja sendo ousado em dizer isso, mas creio que vivemos uma infantilidade generalizada: nós adultos queremos nos entregar a todos os desejos como crianças que querem um doce. E assim acabamos agindo como crianças que ainda não tem idéia de que o mundo não gira em torno de nós. Disso, decorre o fato de nós adultos olharmos as crianças como “mini-nós”, e fazemos com que elas tenham uma visão equivocada de que os adultos são felizes.

Por fim, me parece uma quimera pensar que um dias elas foram tratadas como crianças. Penso que elas sempre foram vistas como projeto de adultos, pois “elas são o amanhã”.

De minha parte, tive a sorte de ser criança [seja lá o que isso signifique], e desejo nunca esquecer disso…

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posted by rafael at 00:15 | Permalink | 2 teste tua chave
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25.3.08
viver até quando for possível


"À medida que envelhecemos, nosso interesse é não somente somar mais anos de vida, mas sim mais vida aos anos."



Alexandre Kalache; ex-diretor do Programa Global de Envelhecimento e Saúde da OMS.

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posted by rafael at 14:49 | Permalink | 2 teste tua chave
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das desistências

No dia em que a felicidade bateu em minha porta,

eu havia saído para nunca mais voltar.

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posted by rafael at 11:37 | Permalink | 1 teste tua chave
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24.3.08
da volta
“... um mundo fundado essencialmente sobre a inexistência do retorno, pois nesse mundo tudo é perdoado por antecipação e tudo é, portanto, cinicamente perdido”.*

Não há volta. Nem mesmo o retorno para nossos lares, dia após dia, não se constituí assim. Não nos confundamos: “não se pode entrar duas vezes no mesmo rio”**, já dizia Heráclito. A aparente permanência das coisas no mesmo lugar não caracteriza a nossa volta ao ponto do qual partimos.

Estamos fadados a continuar sempre indo, e esse é o grande fardo colocado sobre nós, pois nunca sabemos o que há a seguir; seguimos no máximo com vagas idéias de possíveis acontecimentos. Por isso a idéia do retorno é reconfortante, porque, ao voltar, pensamos ir de encontro ao já conhecido.

Engano. Ao sair, mudamos. E ao mudar, as coisas mudam, porque enxergamos o mundo a partir das ocorrências em nosso interior. A organização do mundo exterior está condicionada à ordem do nosso interior. Um segundo que nos muda interiormente é suficiente para reconfigurar toda a estrutura do universo; um segundo é o suficiente para transformar o amor em ódio.

O desejo pelo retorno é fruto da insegurança da ida. E a frustração com a volta é a descoberta que continuamos indo. Daí a re-volta: o desejo de voltar de onde voltamos. Isso caracteriza a nossa vida: uma contínua ida por um caminho aparentemente igual, mas interiormente sempre novo, sempre desconhecido, nunca seguro.

Não há retorno. Há sempre a ida, mesmo para aqueles lugares aparentemente conhecidos, que, quando vistos novamente, se revelam sob nova faceta, instigam outras perguntas, geram inesperadas inseguranças e se desvelam um caminho ainda a ser conhecido.

“Para os que entram nos mesmos rios, afluem sempre outras águas...” diz de outro modo Heráclito. E tudo é “cinicamente perdido”, diz Kundera. Voltar para recuperar algo; retornar para continuar o não-terminado; re-voltar para colocar as coisas no lugar onde anteriormente estavam, são apenas modos de confessar nossa fraqueza diante do peso da ida, e nossa insegurança do desconhecido porvir.

Por isso, eu não voltei, pois aquilo tudo já perdi.
Assumo o peso, e continuo indo.


*Milan Kundera. A insustentável leveza do ser. Nova Fronteira, 1985.
**Heráclito. Os pensadores originários. Vozes, 2005.

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posted by rafael at 00:05 | Permalink | 5 teste tua chave
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