30.7.07
saber é poder para amar
Comentário deixado no texto "Medo e Segredo", escrito pelo Adão.

Nada mais verdadeiro do que a máxima “saber é poder”. Esse “poder” significa tanto a habilidade adquirida para execução de uma tarefa, quanto o sentido de domínio sobre algo ou alguém.

Engana-se quem pensa que o poder está na força. Ele está no conhecimento….

Conhecer demais sobre o outro é adquirir poder sobre ele, pois abre-se-nos a possibilidade de manipulá-lo. E cabe àquele que conhece, exercer o poder para bem ou para o mal.

Por outro lado, ao mesmo tempo em que não deixar ser conhecido é querer manter-se livre, não se permite, em muitos casos, que nos entreguemos totalmente a quem nos ama.

Terrível dilema esse. Contudo, nele se revela a beleza do amor: deixar o outro ser outro com seus segredos, pois aí se encontra a sua autonomia e liberdade. E a quem ama, cabe satisfazer-se no deleite que é amar, sem saber, sem poder: apenas amar por amor.

leia também: o amor é um pássaro selvagem

 
posted by rafael at 17:28 | Permalink | 9 teste tua chave
|
29.7.07
confiar também é duvidar
Geralmente vemos a dúvida como algo negativo, principalmente porque a religião diz que ela é contrária a fé. Mas eu discordo.

Primeiro porque penso que o contrário da fé é o medo. E duvidar não é ter medo; é ter coragem para esperar a resposta segura. E somente espera quem tem fé de que a resposta virá. Segundo, penso a dúvida como negativa quando ela é gerada pela desconfiança. E quem desconfia sempre tem a certeza de que em algum momento terá uma resposta negativa, e por isso jamais irá confiar.

Por isso não discordo de quem precisa ver para crer. Isso é tão verdadeiro que defendi o pobre Tomé, condenado por precisar dos olhos para crer.

Ao meu ver, em geral pensa-se o crer como acreditar em tudo. Mas pense comigo: acreditar é confiar, é dar um crédito; e desconfiar é tirar o crédito depositado, ou nem mesmo dá-lo. Eu não vejo isso como sinônimo de duvidar, pois aqui aguarda-se uma resposta, enquanto que na desconfiança não se espera: a resposta está dada.

Assim, mesmo no acreditar existe o duvidar, pois é dado um crédito e fica-se na espera da resposta, isto é, na dúvida. E no desconfiar, a sentença já é dada de antemão: não ser digno de confiança.

Disso tudo, decorre que o confiar e o acreditar não é acabado, mas uma construção erigida no relacionamento, a partir das respostas recebidas da confiança depositada. Por isso penso que duvidar não é desconfiar, e confiar não é ser cego. Aliás, o sentido de cego aqui pode ser entendido como ignorância...

Daí eu discordar da idéia de "confiar é nunca duvidar". Porque confiar não é sinônimo de fé cega. Aliás, a fé também tem a sua parcela de dúvida....

Reflexão no embalo do meu texto anterior, nos comentários da AP no mesmo, e no texto "mal entendido" do Wolverine. Isso é uma prova de como carrego um pouco de você nos meus textos.

Marcadores: , ,

 
posted by rafael at 03:40 | Permalink | 4 teste tua chave
|
27.7.07
duvidar para crer e ver (resposta a uma homenagem)
E logo disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo e vê as minhas mãos; chega também a tua mão e põe-na do meu lado; não sejas incrédulo, mas crente. (João 20.27)

Essa é uma das passagens bíblicas marcantes para mim. É o momento do reencontro de Jesus com seus doze mais chegados discípulos depois da sua ressurreição. Especificamente nesse momento, dá-se o encontro de Jesus com Tomé.

A ênfase da passagem está na incredulidade de Tomé. Alguns versículos acima, o duvidoso discípulo diz a seus companheiros somente acreditar na ressureição do seu mestre se ver e colocar o dedo na cicatriz dos cravos nas mãos, e a mão na cicatriz da lança presente ao lado do homem a quem diziam ser Jesus ressurreto.

Graças a esse evento, Tomé ficou conhecido na tradição como o discípulo incrédulo, e seu nome passou a ser um chavão para caracterizar as pessoas que assumem a dúvida antes de afirmar algo. E o pobre do Tomé, por ter assumido toda a sua humanidade, é rechado pelo cristianismo populacho e perfeccionista.

Ele não foi o único a demonstrar dúvida frente a um milagre divino. Moisés (Nm 11.21-23) e Gideão (Jz 6. 36-40) são dois exemplos de personagens bíblicos com grande importância e que também duvidaram de deus. E não condeno nenhum deles; ao contrário, admiro-os. Pois nada mais humano do que duvidar. Nada mais corajoso do que suspender o juízo e aguardar uma resposta segura. Nada mais próximo da fé do que o agnostiscismo.

O que acho belo nessa passagem bíblica é a atitude de Jesus frente a dúvida de Tomé. Aparentemente parece ser uma atitude óbvia, pois ele responde a dúvida do seu discípulo. Mas a aparente obviedade se desfaz quando penso nas minhas atitudes com relação a dúvida. Como eu reajo frente a pessoas com dúvidas? Como reajo em relação as minhas próprias dúvidas? E constato assumir uma postura oposta a de Jesus.

Talvez eu seja o único a agir assim, mas quando me deparo com a dúvida, seja com a minha ou de terceiros, tendo a reprimir, a tentar esquecê-la. Faço de tudo para eliminá-la, pois ela traz consigo a insegurança. E ao meu ver, o fundamento da insegurança é a incerteza, e essa é gerada pela dúvida, que por sua vez é alimentada pela ausência de respostas.

E nesse ponto encontra-se a fé de Tomé e a bela atitude de Jesus. O primeiro teve fé suficiente para suportar o momento de insegurança gerado pela dúvida. O segundo revelou todo o seu amor ao assumir a dúvida do outro para assim oferecer uma resposta capaz de mudar o curso de uma história.

Lembrei dessa passagem graças a uma belíssima atitude de amor da qual fui alvo. Muitas vezes pensei em cancelar esse blog, como já registrei aqui. Fui alvo da insegurança gerada pela dúvida: não tinha certeza se minhas palavras encontravam guarida em algum corpo além do meu. Mas nos últimos dias tenho recebido várias respostas, e hoje a Graciela agraciou-me com o selo "Tapete Vermelho", criado por ela e alguns amigos(as) e 'dedicado aos seus blogs favoritos, afim de homenagear quem dedica um tempo escrevendo o que pensa, sente e que se sujeita a elogios ou críticas'.


Ela diz não ser 'grande coisa' para premiar alguém. Contudo Graci, é premiando aos outros que nos tornamos grandes.

E estendo a minha gratidão a todos vocês, amigos e amigas, antigos e recentes, comentadores ou apenas leitores. Cada visita de vocês nesse cantinho da web é para mim como o gesto de Jesus mostrando suas cicatrizes a Tomé. O seus olhares pousados sobre as minhas palavras me dão segurança para continuar a escrever. Suas palavras animam minha fé nas horas de dúvida. E assim sinto-me amado por vocês, como Tomé certamente sentiu-se por Jesus.

E por tudo isso, a homenagem da Graci é para todos nós!

Marcadores: , ,

 
posted by rafael at 00:40 | Permalink | 9 teste tua chave
|
24.7.07
o que eu ouço quando escrevo?
Existem muitos assuntos sobre os quais não atrevo dar palpite. Um deles é a música. Não porque penso que gôsto não se discute. Discordo completamente dessa frase. Eu acredito que gôsto se discute sim, mas não no sentido de convencer o outro a gostar do que gosto ou ao contrário; mas porque acredito que precisa-se justificar a razão para tal gosto. Tá certo. Sei que isso soa bastante kantiano, mas atualmente é assim que penso.

É por esse motivo que me esquivo de falar de música. Não tenho muito claro porque gosto de determinados gêneros e por isso privo-me das discussões. Outro fator é porque somente agora estou conhecendo música. Pode parecer estranho, mas minha adolescência e grande parte da juventude não teve trilha sonora. Foi como um cinema mudo. Somente à pouco mais de dois anos ela tornou-se um elemento constante em minha vida, e, aos poucos, vem consolidando-se como essencial.

Por isso, constantemente tenho revisto certos gostos. Aquilo que anteriormente pensava não gostar, agora consta na lista dos preferidos. Como exemplo cito Pink Floyd por quem nutria um pré-conceito digno de palpiteiro, e que, após buscar compreender a proposta do chamado rock progressivo, ouço quase diariamente. E não apenas essa monumental banda, como também tornei-me um consumista do gênero apreciando o épico Genesis e o futurista Rick Wakman, o clássico Jethro Tull, a nova geração muito bem representada por Dream Theater, e também bandas com influência do estilo como Klaatu e o brasileiríssimo O Terço. E esse movimento tem ocorrido com os mais diversos gêneros.

Atualmente dedico-me mais a ouvir a música dos anos 60 e 70, as melhores décadas musicais para mim. Meu gênero preferido é o "rock sem adjetivos" como disse certa vez meu amigo Tiago Brene (apesar dele não lembrar), ao se referir ao rock clássico. Aquele que segundo o Brene é caracterizado por "guitarra plugada direito no amplificador, batera 4x4 e um baixista que respeite a música. Assim tudo que tiver de criativo vai ser atribuído diretamente aos músicos, pois criam dentro disso riffs, solos clássicos que com uma nota já podemos saber de qual música se trata, frases de guitarra que alternem entre técnica e melodia agradável desde que não seja vídeo aula e que demonstre a velocidade do guitarrista." (gostei dessa explanação!). Nos últimos tempos ouço muito Creedence Clearwater Revival, Foghat e Boston; todos, no meu pouco entender, excelentes representantes do gênero.

Mas também ouço muito Beatles, principalmente os álbuns Sargent Peppers Lonely Hearts Club Band e The Beatles (o famoso álbum branco), como também The Doors e Led Zeppelin

Apesar de muito a conhecer ainda dos anos 70, pretendo entrar agora nos anos 80. Mas não tenho sido muito rigoroso nesses meus estudos. Atualmente acompanho mais a dicas de amigos e amigas, principalmente da Thiane, da Van e da Vanessa, visto que elas citam muitos grupos desconhecidos para mim.

Fiz todo esse panôrama para responder ao desafio proposto a mim pela Graciela: "falar o que ouço quando escrevo para o blog".

Bem, eu não ouço nada quando escrevo! Eu não consigo escutar e escrever concomitantemente. Se ouço música, não ouço meus pensamentos, e vice-versa. Reconheço meu limite em não conseguir fazer duas coisas ao mesmo tempo: ou falo, ou ouço, ou leio, ou escrevo, ou penso. Quem se irrita bastante com isso é minha irmã...

Mas não recusarei o convite da Graci, e para tanto, mudarei um pouco o desafio citando aquilo que ao ouvir me motiva a escrever no blog.

Disparado no primeiro lugar, Titãs é quem mais traz temas para eu refletir. Muitos textos aqui escritos tem como fundamento alguma música deles, e claramente cito-os aqui, aqui e aqui. Gosto de suas letras, pois me parece que eles conseguem inverter a realidade, parodiar o cotidiano e tornar o óbvio nada óbvio, apesar de enfatizarem o óbvio!

Apesar de muitos não gostarem, geralmente por causa de preconceitos com relação ao Humberto, sou fã de Engenheiros do Hawai. As composições geralmente evocam em mim indagações sobre a vida, e gosto por demais das homenagens as suas raízes gaúchas, mesmo eu sendo catarinense.

A Pitty é alguém por quem tenho grande apreço musical. Ao meu ver ela tem uma rara perspicácia para detectar temas cruciais de nossa sociedade, indo muito além da crítica ao sistema político como muitos rockeiros se limitam, trazendo à tona aspectos de nossa mentalidade contemporânea corrosiva, como a psêudo-liberdade e psêudo-individualidade (veja bem, corrosivo é o psêudo, e não a própria liberdade e individualidade).

Terminando, três artistas gospel que ouço muito. João Alexandre, que reúne poesia, devoção, espiritualidade e crítica, além de fazer uma autêntica música brasileira, pois, a música gospel no Brasil, como diriam os Titãs, é feita de "disco brasileiro de música americana". A banda Resgate, de rock simples mas suficiente para ser bom, com letras fazendo o que a igreja não consegue fazer: atualizar a mensagem bíblica aos dias atuais. Por fim, cito Fruto Sagrado. Tá certo que o último cd está "meia boca", mas eles mostram que o cristianismo deixa de ser ópio quando é usado como meio de crítica reflexiva sobre si e sobre a sociedade (como faziam os profetas antigos).

Bem Graci, essa seria a influência que a música traz sobre mim ao escrever no blog. Não escuto nada enquanto escrevo. Mas antes de escrever eu ouço muito. E claro, depois de terminar sempre rola um som básico. E como estou encerrando, vou gritar para minha irmã colocar na vitrola o álbum branco dos Beatles, enquanto visito a Thiane, a Van e a Vanessa para desbravar esse mundo ainda desconhecido para mim.

E o desafio fica aberto para quem quiser participar.

Marcadores: , ,

 
posted by rafael at 19:15 | Permalink | 9 teste tua chave
|
20.7.07
liberdade de expressão sim. de palpites não!
A liberdade de expressão é muito boa em grande parte de seus aspectos. Dizem até ser um direito, mas eu tenho algumas dúvidas quanto a isso, mesmo eu sendo beneficiado pela sua existência. Contudo, graças a tal liberdade de expressão, somos obrigados a aturar os palpiteiros de plantão, os sabichões do momento, e os achômetros com pretensões de certezas irrefutáveis.

Nos últimos dias tem sido insuportável ler, ouvir e assistir as redes de informações, pois elas têm apenas dois assuntos: os jogos Pan-americanos e o desastre aéreo ocorrido na última semana. Quanto ao primeiro, não tenho muito a reclamar, já que os palpiteiros não são tão chatos quanto o são ao falar sobre futebol (e em especial ao falar das infindáveis crises no Corinthians).

Agora, com relação ao desastre aéreo.....

Aqueles que se dedicam a anotar as novas expressões nascidas na língua portuguesa, além de registrar a expressão "acabou em pizza", não devem ignorar a novíssima "tragédia anunciada". Essa é a frase mais dita nos últimos dias, muito mais do que "acabou em pizza", principalmente pelo fato de não haver nenhuma CPI expressiva acontecendo no país.

O que mais tem incomodado a mim é como todos agora tem uma "opinião" a dar sobre o desastre. Estou sendo até caridoso em chamar as bobagens ditas de "opinão", sendo que não passam de palpites.

Qual a diferença entre opinião e palpite? Não sou tão rigoroso quanto foi Platão no tratamento da opinão (doxa), e por isso penso que ela contenha um determinado grau confiável de conhecimento. Para mim, a opinião é uma análise mediada por um pré-conhecimento do objeto analisado. O palpite não. Ele é mediado pelo achômetro, e geralmente é influenciado por uma opinião, quando não por palpite, de terceiros.

Especificamente no caso da "tragédia anunciada", os palpiteiros, além de falar sobre o que não sabem, usam suas análises de modo tendencioso para desferir seu veneno contra o governo. Não quero dar um de advogado do diabo, mas convenhamos que a maior parcela dos palpites sobre o desastre sempre termina em acusações contra o governo, saindo por completo do âmago da questão, a saber, o acidente com o avião da TAM.

Por sua vez, aqueles que entendem do assunto se limitam a dizer: "por enquanto temos apenas hipóteses, e por isso precisamos investigar e recolher todas as informações possíveis para podermos apontar as causas do acidente". Em poucas palavras, quem conhece o assunto diz: "ainda não sabemos".

Bem diferente dos palpiteiros...

Liberdade de expressão é muito bom. É uma pena tantos palpiteiros fazer mau uso dela. Pena eles se intrometerem em todos os assuntos. E pena eles existir em maior número no mundo.

Por isso, inauguro a campanha:

LIBERDADE DE EXPRESSÃO SIM! DE PALPITES NÃO!

Marcadores: ,

 
posted by rafael at 20:53 | Permalink | 5 teste tua chave
|
18.7.07
qual é sua música?
Acredito que todos tem, em certa medida, uma identificação com alguma coisa criada por outro. Um filme, um livro, uma música. É estranho como algo criado por um terceiro com quem aparentemente nada temos em comum, possa ter tanta identificação conosco.

Quero registrar uma música que descreve a minha pessoa. Na primeira vez que a ouvi com atenção, fiquei arrepiado, pois parecia ter sido feita sob encomenda.

Quem sabe a vida não a tenha ecomendado para mim....

De Onde Vem A Calma
Marcelo Camelo

De onde vem a calma daquele cara ?
Ele não sabe ser melhor, viu?
Como não entende de ser valente
ele não sabe ser mais viril
Ele não sabe não, viu?
Às vezes dá como um frio
É o mundo que anda hostil
O mundo todo é hostil

De onde vem o jeito tão sem defeito
que esse rapaz consegue fingir?
Olha esse sorriso tão indeciso
Esta se exibindo pra solidão
Não vão embora daqui
Eu sou o que vocês são
Não solta da minha mão
Não solta da minha mão


Eu não vou mudar não
Eu vou ficar sim
Mesmo se for só
não vou ceder
Deus vai dar aval sim,
o mal vai ter fim
e no final assim calado
eu sei que vou ser coroado rei de mim.

Marcadores: ,

 
posted by rafael at 12:55 | Permalink | 2 teste tua chave
|
15.7.07
conhece-te a ti mesmo
Não sei quem sou.
Nem quem serei.
Mas sei quem fui.
E daquele, eu não gostei.

Marcadores: ,

 
posted by rafael at 23:39 | Permalink | 2 teste tua chave
|
respostas nada passageiras
A Karen deixou um comentário referente ao texto "perguntas nada passageiras" que merece ser promovido ao status de post. Obrigado Karen!

Bom, eu como passageira estressada, faço questão de responder suas perguntas nada passageiras, vamos lá:

Por que as pessoas deixam para pegar o dinheiro na hora de passar pela catraca?
- Eu não deixo e me estresso com quem carrega o bilhete único na catraca.

Por que as pessoas param logo após a catraca dificultando a passagem de quem vem a seguir?
- Porque com certeza lá atrás está muito cheio e não dá pra passar.

Por que as pessoas que descerão apenas no ponto final ficam na porta?
- Não gosto de ficar no meio do ônibus dando brecha pra um monte de homens tarados virem com gracinha pro meu lado (Acontece, viu?? Não comigo porque fico na porta haha)

Por que os bancos para uma pessoa são tão disputados?
- É muito mais cômodo sentar só, sem um folgado que fica ocupando mais que o espaço dele no banco de 2 lugares ou aqueles que dormem e começam a cair em cima de você.

Por que no banco de dois lugares as pessoas sentam no assento do corredor impedindo que outros ocupem aquele que está ao lado?
- Sentar perto da janela dá uma sensação de ficar preso, de não poder sair quando quiser hahaha

Por que as pessoas ficam irritadas com a "demora" do ônibus mesmo sabendo que ele tem horários pré-estabelecidos?
- Aqui em Sâo Paulo é uma zona e eles passam dos horários pré-estabelecidos (se é que existe aqui)

Por que quem senta no banco preferencial finge não ver um idoso, grávida ou portador de necessidade especial, para quem o banco é preferencial?
- Eu dou lugar.

Por que as pessoas não seguram firme suas bolsas, sacolas ou equivalentes, deixando que esbarrem nas outras pessoas?
- Só esbarro em gente folgada.

Por que eu tenho que depender de ônibus?!?!?
- Não tenho carta nem money pra comprar um carro. AHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Algumas respostas são muito esclarecedoras, mas de modo geral ainda não convencem! (rsrs)

Marcadores: , ,

 
posted by rafael at 22:44 | Permalink | 1 teste tua chave
|
13.7.07
ajustes
Alguns amigos e amigas informaram sobre a dificuldade para comentar no blog. Bem, eu não sei o que acontece. Mas procurando melhorar, instalei o "haloscan", na tentativa de sanar o problema e facilitar para todos.

Agora você tem duas opções para deixar seu comentário: no tradicional link "meça essa verdade aqui", ou logo abaixo no novo link "comments". Você também pode deixar sua mensagem no mural de recados, localizado a direita da página.

Desculpem pela demora para fazer os ajustes, mas meu tempo dedicado a internet é pouco frente a demanda exigida. Todavia prometo melhorar a cada dia. Ou a cada mês. Ou a cada ano, rs.
 
posted by rafael at 02:06 | Permalink | 0 teste tua chave
|
11.7.07
verdade dita e verdade descoberta
Todos sabemos: a verdade é o melhor remédio. Quando ela vem de encontro aos nossos pensamentos, quando confirma as nossas esperanças, é sempre recebida de bom grado. Mas quando afirma aquilo que desejavamos não ser verdadeiro, é tão ruím quanto o fel.

Talvez aconteça apenas comigo. Ao ouvir uma verdade afirmando algo que eu não gostaria de saber, sempre tenho a sensação de estar levando um soco. Parece que ela me deixa atordoado, sem noção de tempo e espaço. Nenhuma palavra aparece para socorrer-me, restando apenas o silêncio constrangedor denunciando a minha derrota e conseqüente concordância. Em algumas ocasiões, quando a humildade resolve dar as caras, acontece de eu dizer: "Tem razão"; "você está certo". Contudo, mesmo essas palavras são ditas após um período de recuperação do nocaute sofrido.

Todavia, ultimamente tenho a impressão de não existir nada pior do que a verdade não dita: uma verdade descoberta.

Disse anteriormente que a verdade dita vem como um soco, de supetão. A verdade não dita, mas descoberta, aparece aos poucos. Mas esse "aos poucos" não entendo como doses homeopáticas; ao contrário. Vejo como uma ferrugem que aos poucos corrói toda uma estrutura, condenando-a para sempre. Como cupins que trabalham no interior da madeira, deixando por fora a impressão de estar tudo em perfeito estado.

Por que a verdade descoberta causa tanto mal? Porque ela dá margem para continuarmos acreditando que pode não ser verdade. Acaba gerando uma esperança de ser tudo apenas um engano, e no fim saberemos estar certo.

Poderia ser dito que a verdade descoberta é melhor pois é acompanhada por uma fase de amadurecimento, enquanto que a verdade dita pode causar danos irreversíveis devido ao impacto causado. Não sei. Concordo que a verdade dita é muito dura. Contudo, a verdade descoberta é perniciosa, pelo fato dela alimentar a desconfiança.

Esse é o ponto em que a verdade descoberta se apóia: na desconfiança. Parte-se em busca da verdade porque desconfiou-se de algo em algum momento. E a verdade nada mais é do que uma recuperação da confiança perdida. Confesso aqui um pessimismo: a confiança perdida jamais é recuperada.

Por sua vez, a verdade dita tem como ponto de apoio a confiança. Quando se diz a verdade é porque confia-se que será recebida como algo bom. Quando se ouve a verdade, confia-se de que foi dita como algo bom. Mesmo se quando dita ou ouvida, suas conseqüencias sejam catastróficas.

Se a verdade precisa ser descoberta, é porque ela teve algum motivo para ser escondida. E existiria um bom motivo em esconder a verdade?

Se a verdade é dita, é porque ela tem algum motivo para ser revelada. E existiria um mal motivo em dizer a verdade?

Para quem pensa existir bons motivos para esconder a verdade, é bom torcer para nunca surgir uma desconfiança que motive uma busca pela verdade dessa verdade. Pois uma verdade descoberta, arruína com toda a confiança existente.

Para quem pensa existir mal motivo em dizer a verdade, saiba que quando a verdade é dita, quem a diz se torna nú diante de quem a ouve. Pois uma verdade dita, revela toda a franqueza daquele que diz, e seu apreço por aquele que ouve.

Ouvir uma verdade pode ser doído.
Descobrir uma verdade pode ser mortífero.
Dizer uma verdade pode ser bruto.
Esconder uma verdade pode ser pernicioso.

Talvez a nossa relação com a verdade dependa da verdade da nossa relação com o outro. Quanto mais verdadeira seja nossa relação com o outro, menos medo de ouvir e dizer a verdade teremos...

Marcadores: ,

 
posted by rafael at 00:40 | Permalink | 4 teste tua chave
|
8.7.07
perguntas nada passageiras
Várias perguntas me assolam quando estou no ônibus urbano:

Por que as pessoas deixam para pegar o dinheiro na hora de passar pela catraca?


Por que as pessoas param logo após a catraca dificultando a passagem de quem vem a seguir?

Por que as pessoas que descerão apenas no ponto final ficam na porta?

Por que os bancos para uma pessoa são tão disputados?

Por que no banco de dois lugares as pessoas sentam no assento do corredor impedindo que outros ocupem aquele que está ao lado?

Por que as pessoas ficam irritadas com a "demora" do ônibus mesmo sabendo que ele tem horários pré-estabelecidos?

Por que quem vai descer logo a frente ocupa assento? E por que o assento da janela?

Por que quem senta no banco preferencial finge não ver um idoso, grávida ou portador de necessidade especial, para quem o banco é preferencial?

Por que as pessoas não seguram firme suas bolsas, sacolas ou equivalentes, deixando que esbarrem nas outras pessoas?

Por que as pessoas "estacionam" no meio do corredor?

Por que o empurra no hora de subir? E pior, por que na hora de descer?

Por que as pessoas gritam dentro do ônibus?

Por que tem um ponto a cada dez metros?

Por que eu tenho que depender de ônibus?!?!?

Por quê????

Marcadores: ,

 
posted by rafael at 00:16 | Permalink | 4 teste tua chave
|
1.7.07
... o coração sente de modo diferente
"Algumas coisas precisam ser invisíveis aos olhos...
para se tornar visíveis ao coração".

Escrevi essa frase depois de um inspirador texto da Van.
(E qual texto dela não inspira quem os lê?)

Essa frase veio de encontro a uma reflexão que a tempo fez morada em mim. Tenho matutado muito sobre a famosa frase: "O que os olhos não vêem o coração não sente". E acho que ela não está muito correta....

A expressão seria correta se a utilizassemos em situações nas quais nos referimos a fatos nunca presenciados. Perdõe-me a força do exemplo utilizado. Mas se nunca presenciaste um assassinato, não sabes o quão horrorizante e traumatizante é testemunhar tal ocorrência. Tu tens uma vaga idéia do que seja, e ficas deveras chocado quando sabes de um fato desses. Todavia, essa é uma idéia tão vaga, que quando acabas de ouvir algum causo sobre isso, em pouco tempo esqueces dele e tua vida segue normalmente. Por isso, um coração cujo olhos jamais viram um assassinato, não sente realmente o horror de tal ato.

Entretanto, essa expressão sempre é utilizada em referência a situações por nós conhecidas. Cito dois exemplos. Os pais que defendem seus filhos com unhas e dentes quando "desconhecem" o envolvimento desses com uma vida nada benéfica; ou o parceiro que não acredita nas evidências de traição por não ter presenciado em flagra a consumação do ato.

Procurando ser mais exigente na minha análise, diria que usamos tal expressão quando queremos desacreditar a realidade conhecida por nós. Os pais não querem acreditar na vida devassa de seus filhos e o parceiro na traição do outro, por saber do sofrimento conseqüente de tal certeza.

Há casos também em que preferimos não ver para não rememorar os sofrimentos passados. Recordo uma frase de García Márquez escrita em uma das páginas do "O outono do patriarca" e não exatamente nessas palavras: "A gente só quer esquecer quem a gente ama". Idéia forte, mas devido ao seu alto teor de realidade: quem um dia não teve que tomar a decisão de esquecer um louco amor para poder partir para outra? Para esquecer quem não-amamos não precisamos "querer esquecer", pois o esquecimento é um dispositivo acionado automaticamente. Mas para esquecer um amor não realizado...

Pois bem. Usamos a expressão "O que os olhos não vêem o coração não sente" para nos referir a negação de uma realidade. Não queremos percebe-la para não sofrermos as agruras por ela proporcinada. Fechamos os olhos para sentir a realidade apenas com o coração. É preferível nega-la à enfrentar as dores trazidas por ela.

Se minha reflexão for razoável, quero aproveitar a deixa e propor uma nova expressão. Proponho substituir "O que os olhos não vêem o coração não sente", por "O que os olhos não vêem o coração sente de modo diferente". Sim, pois, se fechamos os olhos para que a realidade não atinja nosso coração, é porque queremos que o coração sinta a realidade diferente de como ela se apresenta.

Mas quanto a isso, não podemos esquecer a advertência de um dos profetas bíblicos: "Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?" (Jeremias 17.9)

Ver a vida a partir da realidade ou vê-la a partir do coração. Difícil decisão, devido ao desencanto com que a realidade se desvela, e a incerteza da realidade vivida pelo coração....

Marcadores: ,

 
posted by rafael at 01:00 | Permalink | 9 teste tua chave
|