6/11/2006 22:28:55 Renata: qq tá acontecendo?
6/11/2006 22:29:04 Renata: falar nisso, eu comentei o teu outro dia
6/11/2006 22:29:12 rafael: e eu respondi
6/11/2006 22:30:48 rafael: xxxxx tbm tem blog
6/11/2006 22:30:50 rafael: uahuuhauahah
6/11/2006 22:31:25 Renata: huuhahuahuauha
6/11/2006 22:31:32 Renata: esse povo num tem mais oq fazer
6/11/2006 22:31:51 rafael: ah, eh legal ter blog
6/11/2006 22:32:11 Renata: eu seeeeei...mas demanda certo esforço
6/11/2006 22:32:26 rafael: muuuuuuuuuito esforço
Anunciei a alguns textos atrás a minha aposentadoria do blog. Foi numa época de enclausuramento pessoal. Cancelei orkut, gazzag e outro blog. E no momento de excluir este aqui fui acometido pela reflexão. Não cabe dizer todos os motivos pelos quais quisera eu sumir da internet. Apenas farei uma tentativa de encontrar os motivos de eu aqui permancer. Obviamente essa é uma reflexão diacrônica, pois estarei olhando daqui para o passado, e certamente o dito agora não estava presente (ou não era claro) naquele momento.
O nome de batismo do blog, o qual ainda consta no endereço, é "porão da alma". Meu interesse em começar escrever se pautava na necessidade de revelar a outros o misterioso universo contido em mim. Quem me conhece "olho a olho" sabe do fato de eu não ser afeito a compartilhar minha vida. Mas todo balão esvazia ou estoura. E antes de estourar resolvi encontrar um meio para deixar vazar algumas coisas. Se você passear rapidamente pelo histórico verá os altos e baixos pelos quais passei até aqui.
Logo nos primeiros textos notei algo intrigante. Sacramentado o último ponto, as palavras retratavam um alguém desconhecido. De pronto recordei de Michael de Montaigne quando disse escrever para deixar um retrato de si para seus amigos. E meus textos se transformaram num retrato de mim para eu mesmo. Leio e releio por vários dias os textos (talvez eu seja o maior frequentador desse espaço) tentando conhecer essa pessoa retrada em cada linha.
Não raras vezes perguntaram se eu estava bem após a leitura de alguns textos. No mesmo instante parava, me perguntava se estava bem, e para responder recorria aos textos para ver quem eles revelavam. E assim descobri: escrever é uma forma de estar comigo mesmo, ou como diz Alberto Caeiro "Ser poeta não é uma ambição minha, é a minha maneira de estar sozinho."
Em algumas ocasiões - vamos lá! na maioria delas - o reflexo das palavras não são da minha pessoa, mas alguém por quem procuro apaixonadamente. Escrevo para alguém que amo, e esse alguém encontro a cada ponto final. Contudo, não sou eu, mas outro nascido no contorno das palavras. Escrevo para alguém que amo e descubro estar buscando amar a mim.
Agora o blog se chama "Aletômetro", pois ele é justamente um "medidor de verdade"; a verdade sobre quem sou. Se não parei de escrever foi justamente por isso: desejo conhecer quem sou, ou quem não sou, ou quem eu sou e não sou, ou quem não sou e sou.
Sim Renata, manter um blog, no meu caso, demanda muito esforço. Pois desejo amar eternamente a esse outro rabiscado nas palavras, talvez um eterno desconhecido por ser um eterno fugitivo, deixando eu fadado a ser um eterno perseguidor de mim.