30.11.07
falta - necessidade de você
a falta
lancinante
aflige.
reduntantemente sofrega
e abismal,
testemunha:
você está em mim.

Ausência -
tua presença.

a falta.
necessidade
de você
e sempre
enquanto saltar
o abismo.

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posted by rafael at 00:16 | Permalink | 4 teste tua chave
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27.11.07
teu forte abraço
braço forte
teu abraço
despedida, como morte
e meu fracasso
na garganta, em nó
tu, desembaraço
eu, só

no pescoço
hoje, nó
do forte abraço.

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posted by rafael at 01:30 | Permalink | 1 teste tua chave
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24.11.07
2007 nunca mais.
Londrina, 25/01/07

Estou de volta a pequena Londres. Tudo igual: ruas cheias de carros, pessoas e muito barulho, ônibus lotado, quente pra dedéu. No fundo esperava encontrar algo diferente, pois estou tão cansado de tudo isso. Mas preciso lhe contar como foi minha viagem de volta. Pense na tua pior viagem já feita (......), certamente essa minha superou, rs.

Começou com um pequeno atraso de duas horas do ônibus com o qual eu vim. Era para ter saído às 22:40, mas acabei embarcando apenas a 00:45. Quando finalmente embarquei, dei de cara com o ônibus lotado. Caminhei até o seu final, pois minha poltrona era a 33 (e odeio sentar no fundo). Chegando em meu lugar, vislumbrei um sujeito esparramado nas duas poltronas. Eu, educamente, chamei tal indivíduo, contudo, por estar num sono tão profundo não consegui acordá-lo. Não querendo ser indelicado (e também para não causar mal estar), fui até o motorista e comuniquei a minha situação. Ele, de maneira muito prestativa, dirigiu-se até o indivíduo e deu-lhe uns três bons "chacoalhões" até despertar o feio adormecido.

Finalmente sentei-me, e, em menos de trinta minutos de viagem, pensei ter pego o ônibus errado. O ar condicionado estava tão frio, que pareciamos estar indo para o Ártico e não para Maringá. Sem muito a fazer, puxei meu casaco para me agasalhar e tentei dormir.

Veja bem, "tentei", já que estava sentado do lado do corredor, e nunca vi tanta gente ir de madrugada no banheiro. Talvez houvesse algum tipo de epidemia disseminada entre os passageiros, fazendo seus intestinos e bexigas não segurarem nada, rs. E pior, meu companheiro de banco parecia ter sido afetado por tal epidemia.....

Pois bem. Se o ônibus tivesse saído no horário certo, eu chegaria em Maringá às 10:30, dando tempo suficiente para eu pegar um ônibus para Londrina às 11:00 e assim chegar em casa às 12:00. Com o atraso, a previsão de chegada em Maringá foi para o 12:30. Até aí sem problemas, pois ainda assim eu poderia pegar o ônibus das 13:00, chegando às 14:00 em Londrina.Mas tudo isso era apenas previsão.

Chegamos sim 12:30 em Maringá, mas não na rodoviária. O motorista resolveu parar para almoçar antes de entrar na rodoviária, você acredita nisso?!?!? Resultado: meia hora de parada; chegamos na rodoviária às 13:30 e perdi o ônibus.

Porém nem tudo parecia estar perdido. Fui informado sobre saída de um ônibus para Londrina às 13:50. Corri até o guichê. Feliz comprei a passagem, entrei no ônibus com um quase sorriso no rosto e aliviado pensando: "Que bom, às 15:00 estarei em casa".

Leso engano. O ônibus não fazia a linha direta, e sim parava a cada abanar de mãos. Conheci todas as minúsculas cidades que fazem parte do trajeto Maringá - Londrina, e uma viagem de uma hora de duração, transformou-se num tormento de TRÊS HORAS!!!!!!! Ao invés de chegar às 15:00, cheguei às 17:00, cansado, com fome e atordoado por andar tanto de ônibus. Sorte uma uma amiga ter ido me buscar de carro; de outro modo eu seria capaz de cometer uma loucura caso precisasse pegar um ônibus da rodoviária até em casa, rs.

Esta foi a história do meu retorno. Espero que seja apenas uma história e não um prenúncio de como será meu ano, rs.

bjus
rafael

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posted by rafael at 23:10 | Permalink | 5 teste tua chave
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20.11.07
sobre a certeza
das certezas, as erradas.
dos erros, os duvidosos.
das dúvidas, as racionais.
das razões, as sentimentais.
dos sentimentos, todos os
certos
errados
duvidosos
e racionais.

********************

é certo
que talvez
obviamente
duvidarei
da mentira
indubitavelmente
verdadeira.

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posted by rafael at 19:40 | Permalink | 5 teste tua chave
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19.11.07
um todo meu e teu
Somos um todo querendo cruzar o espaço infinito para encontrar a totalidade do mundo.

E nada melhor do que se deixar lançar nos sopros da respiração do mundo, deixando seus ventos nos conduzir entre os interstícios da vida e nos acalmar no silêncio contemplativo da beleza existente em cada detalhe do todo meu e teu.




comentário deixado no blog da Alma, numa postagem inevitavelmente inspirativa de um texto da Clarice Lispector

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posted by rafael at 19:48 | Permalink | 2 teste tua chave
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18.11.07
um rei? não. um reino!

Não gostam, pois age, dizem, como quem tem o rei na barriga.
Gente pobre!
Não percebem que tem um reino todo dentro de si?


imagem: First Price, 1998 (Mixed media on wood) -
Chenco
www.gettyimages.com

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posted by rafael at 00:39 | Permalink | 5 teste tua chave
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15.11.07
cheia de alegria
Para minha amiga Larissa. Alegria no nome, na vida e na festa de amar.

Cheia de alegria

tua beleza
criança
está na tua alegre vida
festança
que chama a todos contigo
pra dança
e juntos em ti crescer
com graça
pra te ver mulher
Larissa.




Lari
Lembra que você, a muito tempo atrás, me pediu um depoimento? Pois é, não esqueci e hoje entrego ele para você. Me inspirei na tua alegria que me contagia sempre. E o mais lindo de tudo é que depois de escrito descobri que teu nome já traz a alegria: Larissa = cheia de alegria. Depois disso as palavras sopraram como uma brisa suave e exalaram o perfume dos mais belos campos.
bjus e espero que goste!

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posted by rafael at 01:50 | Permalink | 2 teste tua chave
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12.11.07
eu: rascunho eterno
fui

ontem
rascunho de
hoje
revisto para
amanhã
ser publicado
nunca.

sou

hoje
revisão de
ontem
rascunho para
nunca
ser publicado
amanhã.

serei

nunca
publicação de
ontem
rascunho para
amanhã
ser revisão de
hoje.

serei amanhã revisão do rascunho que fui ontem para nunca ser publicado hoje.


imagem: Screwed up paper and waste basket in background - Gary Bryan
www.gettyimages.com

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posted by rafael at 01:35 | Permalink | 9 teste tua chave
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9.11.07
a vida é a tentativa de um caminho...
Queria apenas viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por que isso me era tão difícil?

Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. Não é agradável a minha história, não é suave e harmonioza como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e a sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos.

A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode. Todos levam consigo, até o fim, viscosidades e cascas de ovo de um mundo primitivo. Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs, esquilos ou formigas. Outros que são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo. Mas, cada um deles é um impulso em direção ao ser. Todos temos origens comuns: as mães; todos proviemos do mesmo abismo, mas cada um - resultado de uma tentativa ou de um impulso inicial - tende a seu próprio fim. Assim é que podemos entender-nos uns aos outros, mas somente a si mesmo cada um interpretar-se.

Hermann Hesse. Demian. 17 ed. Editora Record.

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posted by rafael at 22:15 | Permalink | 2 teste tua chave
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8.11.07
Corpo morto, escrito com palavras sem propósito
Meu propósito em criar um blog nunca foi ter um diário virtual, mesmo estando ciente de que cada palavra escrita carrega um retalho de mim e me despe um pouco mais. Não tenho o blog por terapia, ou porque sou viciado em escrita, ou porque desejo me tornar conhecido e deixar-me conhecer. Até posso ter afirmado isso algumas vezes, mas na real desconheço a principal motivação. Se em alguns textos escrevi abertamente sobre a minha vida era apenas com intuito de refletir sobre algum aspecto da existência; o que confesso ter feito de modo muito piegas. Se algum dia esse blog teve algum propósito, hoje ele se perdeu. Desconheço esse espaço. Desconheço-me nos sentidos dessas palavras. Vejo meu reflexo disforme, as linhas retas não representam com exatidão a tortuosidade do meu ser, o encadeamento lógico das idéias mascaram o meu ceticismo quanto a tudo e todos, a doçura de muitas palavras não estão de acordo com amargo sabor da vida em meus lábios e, a beleza tantas vezes dita é apenas a quimera de sonhos inexistentes. Se algum dia essas palavras tiveram algum propósito para serem aqui tecidas, ele se perdeu entre as linhas que erigiram um mito sobre mim. Sinto-me como um personagem construído: um divorciado de 38 anos que trabalha há 15 numa empresa onde arranjou um conchavo e lá ficou, às quintas e sextas sai com os amigos pra tomarem um chopp, joga futebol nas quartas, tem dois filhos e é adorado por todas as secretárias, acha que já passou por inúmeras coisas nessa vida e, com certeza, ele leu os livros errados, adora assistir TV, é tão bonito quanto imaturo, lê Minutos de Sabedoria, canastrão e é medíocre, sem demais ambições, é um homem totalmente comum iludido de que é a mesma pessoa, que é adorado da mesma forma que era no segundo grau. Se algum dia teve algum propósito, se perdeu na decadência da minha da vida nos últimos dois anos. Decadência não revelada aqui, pois não era esse o propósito e pela força do mito que aqui impera. Sou um decadente, perdido em devaneios nascidos de lugar algum e afogados em qualquer poça d'água. O mito robusto esconde a intemperança da minha pessoa, a instabilidade dos meus sentimentos, a ira e revolta contra minha postura diante da inexistente vida, a imoralidade devassa dos meus valores, a falta de indentidade que permite mitos serem escritos sobre meu corpo. Meu corpo morto, escrito com palavras incoerentes e dando origem a textos sem coesão. Poesia de rimas pobres, descrição superficial, dissertação mal fundamentada, ensaios sem criatividade, contos sem fantasia, romances desumanos, narrativas sem transformações. Corpo morto por ser escrito com palavras sem propósito; se algum dia ele realmente existiu.
 
posted by rafael at 22:30 | Permalink | 4 teste tua chave
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4.11.07
em retalhos para ser despido
A muito tempo venho baixando a guarda.
Tenho aceito certas coisas sobre mim e permitido ser conhecido de outro modo.

Ser um
nos muitos
dos quais
nenhum
apraz

É como se estivesse dizendo: tome a mim e faça o que você quiser.
Sinto como se estivesse entregue e que a partir de agora outros tem total controle sobre mim, como se pudessem manipular-me a bel prazer.

Não sei quem sou
Nem quem serei
Mas sei quem fui
E daquele, eu não gostei

Contudo, tenho descoberto que entregando-me totalmente, dando-me a conhecer, as pessoas não podem fazer nada contra mim. Pois tudo o que elas têm é apenas eu. O que elas podem fazer é jogar eu contra eu mesmo. E meu revide se resume em responder: sim, esse sou eu.

Sou mais um
dos muitos
que é ninguém
por ser todos

Não há defesa. Não há ataque. Há apenas o conhecimento. Há apenas o fato de eu ser e das pessoas saber que não podem fazer nada além de me aceitar ou rejeitar.

O conhecimento vai de encontro, e na vivência vai desvelando, despindo e percebendo que em cada detalhe conhecido, existem muitos outros, infinitos, infindáveis, para serem revelados.


Recordo de Adão no Éden. Ele escondeu a sua nudez de deus após ter pecado. Na cruz, Jesus, que na crença cristã morreu afim de pagar pelo pecado de Adão, teve suas vestes rasgadas: ele ficou nú na cruz! A salvação chegou por meio da nudez de Cristo.

Adão, culpado, esconde sua nudez. Cristo, inocente, entrega-se nú em favor do mundo.

Eis o grande desafio: ficar nú.
Porque na nudez não se esconde nada. E onde não há nada para esconder, também não há nada para provar.

Retorno para ser por ti despido

reflexão nascida de diálogos com a encantadora Sandra e encrementado com retalhos de textos já postados.

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posted by rafael at 01:20 | Permalink | 9 teste tua chave
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