Tenho aceito certas coisas sobre mim e permitido ser conhecido de outro modo.
Ser um
nos muitos
dos quais
nenhum
apraz
É como se estivesse dizendo: tome a mim e faça o que você quiser.
Sinto como se estivesse entregue e que a partir de agora outros tem total controle sobre mim, como se pudessem manipular-me a bel prazer.
Não sei quem sou
Nem quem serei
Mas sei quem fui
E daquele, eu não gostei
Contudo, tenho descoberto que entregando-me totalmente, dando-me a conhecer, as pessoas não podem fazer nada contra mim. Pois tudo o que elas têm é apenas eu. O que elas podem fazer é jogar eu contra eu mesmo. E meu revide se resume em responder: sim, esse sou eu.
Sou mais um
dos muitos
que é ninguém
por ser todos
Não há defesa. Não há ataque. Há apenas o conhecimento. Há apenas o fato de eu ser e das pessoas saber que não podem fazer nada além de me aceitar ou rejeitar.
O conhecimento vai de encontro, e na vivência vai desvelando, despindo e percebendo que em cada detalhe conhecido, existem muitos outros, infinitos, infindáveis, para serem revelados.
Recordo de Adão no Éden. Ele escondeu a sua nudez de deus após ter pecado. Na cruz, Jesus, que na crença cristã morreu afim de pagar pelo pecado de Adão, teve suas vestes rasgadas: ele ficou nú na cruz! A salvação chegou por meio da nudez de Cristo.
Adão, culpado, esconde sua nudez. Cristo, inocente, entrega-se nú em favor do mundo.
Eis o grande desafio: ficar nú.
Porque na nudez não se esconde nada. E onde não há nada para esconder, também não há nada para provar.
Retorno para ser por ti despido
reflexão nascida de diálogos com a encantadora Sandra e encrementado com retalhos de textos já postados.
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