9.11.07
a vida é a tentativa de um caminho...
Queria apenas viver aquilo que brotava espontaneamente de mim. Por que isso me era tão difícil?

Não creio ser um homem que saiba. Tenho sido sempre um homem que busca, mas já agora não busco mais nas estrelas e nos livros: começo a ouvir os ensinamentos que meu sangue murmura em mim. Não é agradável a minha história, não é suave e harmonioza como as histórias inventadas; sabe a insensatez e a confusão, a loucura e a sonho, como a vida de todos os homens que já não querem mais mentir a si mesmos.

A vida de todo ser humano é um caminho em direção a si mesmo, a tentativa de um caminho, o seguir de um simples rastro. Homem algum chegou a ser completamente ele mesmo; mas todos aspiram a sê-lo, obscuramente alguns, outros mais claramente, cada qual como pode. Todos levam consigo, até o fim, viscosidades e cascas de ovo de um mundo primitivo. Há os que não chegam jamais a ser homens, e continuam sendo rãs, esquilos ou formigas. Outros que são homens da cintura para cima e peixes da cintura para baixo. Mas, cada um deles é um impulso em direção ao ser. Todos temos origens comuns: as mães; todos proviemos do mesmo abismo, mas cada um - resultado de uma tentativa ou de um impulso inicial - tende a seu próprio fim. Assim é que podemos entender-nos uns aos outros, mas somente a si mesmo cada um interpretar-se.

Hermann Hesse. Demian. 17 ed. Editora Record.

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posted by rafael at 22:15 | Permalink |


2 Comments:


At 11 novembro, 2007 23:04, Blogger Prill

não sei porquê ainda (é meia verdade só; tenho uns palpites, mas nada exatamente agora - na hora do parto): o silêncio todo agora aqui é tão mais significativo, diz tão mais, grita mais. as pessoas visitam este espaço e falam, falam em bicas, falam em cântaros, em cuias, em latinhas de alumínio.
nunca entendi exatamente o que tanto se diz; afirmo antipaticamente que falam porque, enquanto há barulho, pra que pensar muito ou ver muito?

o silêncio mais significativo (não pulei o "é", não tem "é") é o silêncio mais pacífico e pensado duas, três vezes pro erro ter vez (leminkicitudes). estou pessoalmente agradada pra vir aqui e destoar, levantar cartazes e tudo o mais. as pessoas e as frases feitas são descartáveis.
nesse exato minuto eu me contento e felicito o silêncio, a falta de palavras que possam dar formas (essa é uma articulação sua); eu quero ser prolixa, escrota e dar saúdas ao rapaz que, sendo moço, se quer homem e pra mim tá bom e basta.

se se recusa, se se denigre, se se duvida, e da proposta duvidável, das construções na areia que acharam uma idéia melhor parar da fazer castelos medievais de pedra e apelar pra uma solução mais clean de madeira moldada e flexível - algumas exageraram e se tornaram pré-fabricadas, mas não me interessa falar disso agora).

eu prefiro é o silêncio porque quando chego aqui costumo tampar os ouvido, se não, não ouço. palavras aglomeradas, (madeiras) prensadas... ele correu pro silêncio entrelinhas e agora me interessa ver quem vem de lá. ao publico restante, mais valeu ir embora achando desinteressante; são desentendimentos de baixo raciocínio e de preferências mastigadas. mais me interessa é o silêncio que acontece antes d'eu ver o moço. ad-mirável.

 

At 13 novembro, 2007 23:00, Blogger Flavia

Até os comentários daqui são poéticos hein? Pode comentar o comentário tb?? Pra quem vão os créditos?

=P

 


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