21.8.07
meu texto? não. nossas palavras.

A Paola e a Veridiana presentearam o Aletômetro como o selo The Power of Schmooze Award. Mas antese de fazer as minhas indicações, gostaria de trazer novamente um texto escrito no início do ano, mas nem por isso desatualizado; pelo contrário: parece estar presente em cada visita recebida.


interpenetração

Certa vez disse que todos os meus textos, depois de cada ponto final, retratam alguém que eu próprio desconheço. Por isso, depois de colocado o último ponto, não considero mais o textos pertencentes a mim. Desse momento em diante, eles ganham vida própria, assim como os jovens ao saírem da casa de seus pais.

Atesto isso a cada manifestação sobre os textos. Recebo os mais diversos elogios, críticas e interpretações. São essas últimas a real prova da magia contida nas palavras, pois, depois de fixadas, elas encantam das mais diversas maneiras as pessoas que as lêem. E de modo algum sinto-me frustado pelas leituras não estarem em conformidade com a idéia presente na minha mente no momento da produção do texto. Pelo contrário. Sinto-me atingindo por uma felicidade singular, parecida com aquela que nos sobreveem quando somos surpreendidos pelo olhar ou sorriso da pessoa que amamos.

E por cada texto carregar um pouco da minha pessoa, mas ao mesmo tempo ser totalmente independente de mim, e simultaneamente gerar sentimentos, resgatar lembranças, tocar em pontos diferentes de cada leitor, creio que não somos nós quem interpretamos o texto, e sim, é o texto quem nos interpenetra. Ele carrega um pouco de mim até você, e quando você me diz algo sobre ele, está colocando um pouco de você em mim, e nele também. Assim, por causa da vida própria do texto, ele é capaz de juntar a minha vida à sua, numa cadeia infinita de interpenetrações, colocando eu em você, você em mim, e nós dois nele.

Lembro de uma palestra do Rubem Alves na qual ele disse: "Os hermeneutas ficam se perguntando sobre o que o texto quis dizer e por isso criam as mais absurdas interpretações, quando a resposta é simples: o texto quer dizer aquilo que está escrito." É uma pena que a maior parte das pessoas ficam na interpretação, quando de fato, o significado do texto e seu maior valor está contido no seu poder de interpenetração, pois é isso que nos faz transcender a cada linha, levando-nos a encontrar um reflexo de nós na palavra de outros.

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posted by rafael at 01:54 | Permalink |


14 Comments:


At 21 agosto, 2007 08:21, Anonymous Anônimo

olá! tenho visitado vários blogs e vejo k tenho parado para reflectir nos poemas e textos das outras pessoas e foi o k acabei de fazer agora k li o teu texto com todaa atênção. te confesso k sempre fui muito mais virada para a musica k para a leitura,mas ao mesmo tempo sempre gostei de escrever,mas mais do k lêr e agora desde k criei o meu blog há coisa de 3 meses e pouco tenho aprendido muito nos blogs k leio e com as amizades k tenho criado. obrigado por fazeres parte desta minha aprendizagem k ainda vai muito no principio,mas k vou melhorar com toda a certeza. se kiseres visita o meu blog k é feito com poemas de minha autoria e tmb têm algumas fotos minhas.~
http://paixoeseencantos.blogs.sapo.pt
bjo
carla granja

 

At 21 agosto, 2007 10:49, Anonymous Anônimo

Por uma questão de princípios, eu agora dei pra não comentar post relacionados a prêmios.

Não vou enumerar os motivos aqui pois são meio chatos! Mas, é isso...

Quanto ao ensaio sobre Kundera, eu creio q deva estar em algum famigerado disquete (sim, disquete!) armazenado juntinho com meus trabalhos acadêmicoa da época da Sociais, ou seja, a long time a go! Prometo procurar com tempo!

 

At 21 agosto, 2007 12:23, Anonymous Anônimo

Oi Rafa, tinha te indicado antes de ler esse post e ele só confirma o prêmio... bjs

 

At 21 agosto, 2007 19:34, Blogger rafael

Carla
É um prazer ser parte do teu processo de aprendizagem. E nesse infinito universo da internet, não iremos deixar de aprender jamais. Vou visitá-la certamente.
bju
*************
Ahh Lady!!
Esse texto originalmente não tem relação com prêmio algum. Faz de conta que você não percebeu a imagem que está ali!! rsrs

Eu não estou com pressa pelo Kundera. Só um um pouco ansioso, hehehe! E qual a relação entre o curso de sociais com Kundera?
bjus
***************
Veri
Obrigado pela indicação. Irei acrescentá-la no texto.
bju

 

At 21 agosto, 2007 20:28, Blogger Leticia

Tbm me fascino por essa capacidade de ler um texto de alguém que vc não conhece, ás vezes, sequer sabe quem é , e se identificar.
É como uma dádiva ver ali as palavras que vc não consegue exprimir escritas.
E vc percebe que o mundo é grande, diverso e ao mesmo tempo,sob diferentes prismas, único.
Parabéns pela indicação.

 

At 22 agosto, 2007 00:11, Anonymous Anônimo

"E por cada texto carregar um pouco da minha pessoa, mas ao mesmo tempo ser totalmente independente de mim"

Teoria do Verbo na teologia.
Muito bom

 

At 22 agosto, 2007 05:47, Anonymous Anônimo

olá amigo rafael! muito obrigado pelas palavras simpaticas aki e no meu blog. se kiseres ir vêr o mapa novo k eu fiz vêm lêr e me diz o k achas.
bjo
e um bom dia para ti.
carla granja.

 

At 22 agosto, 2007 09:16, Anonymous Anônimo

Fiz o Ensaio na Pós de Letras, enquanto me graduava em Sociais!

Tudo nos mesmos disquetes. Ou seja: Zorra! Uma Zorra!

 

At 22 agosto, 2007 13:37, Blogger DM

OI RAFAEL
Minha primeira visita por aqui, e adorei, peço desculpa por não ter vindo antes, mas nem sempre dá tempo de visitar todo mundo, sobre seu último texto, adorei, de fato escrever para quem gosta como nós, envolve sempre um processo criativo, além de se divertir, refletir sobre qualquer coisa, por mais banal que seja, já nos sentimos realizados. Entendo que todo o processo criativo, de que natureza seja, sempre é bom !

Parabéns, voltarei mais vezes

Beijos

 

At 22 agosto, 2007 16:42, Anonymous Anônimo

Nem vou dizer que adoiro seus textos. rs
Bjks,
P.

 

At 22 agosto, 2007 16:55, Blogger Ricardo Rayol

Comigo é assim também, depois do ponto final, ponto. E que ele seja feliz no mundo fantástico das letras.

 

At 22 agosto, 2007 17:25, Blogger rafael

Leticia
Sua palavras me lembraram uma metáfora de Hermann Hesse, dizendo que cada escritor é um universo.
As vezes nossos universos se unem...
bjus
*************
Adão
Adora essa perspectiva teológia do verbo: "e o verbo se fez carne".
Já escrevi sobre isso uma vez. As palavras dever estar guardadas em algum corpo que as leu.
abraços
**************
Carla
A minha simpatia é gerada pela pela tua enorme simpatia!
bjin
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Lady
Eu aguardo!!
bjok
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DM
Não há porque se desculpar. Entendo perfeitamente, pois acontece o mesmo comigo.
E realmente, me sinto realizado depois do ponto final. As vezes fico temeroso, com medo de ter criado um filho rebelde! rsrs
beijos
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Paola
brigaduuuu!!!
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Ricardo
As vezes os textos não são tão felizes no mundo das palavras. Coitados, as vezes são tão violentados que se perdem totalmente....
abraços

 

At 23 agosto, 2007 16:41, Anonymous Anônimo

Ad
Rafa esse texto é muito lindo!Vc tem uma intimidade com as palavras que impressiona.Parabéns!

 

At 24 agosto, 2007 01:03, Blogger rafael

Ad
brigaduuu.
mas eu queria ser mais íntimo... Há tanto das palavras ainda por conhecer!!
bjus

 


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