Uma feliz e surpreendente notícia essa semana. Você percebeu que no menu à direita, logo abaixo do meu perfil, existe um selo do Coke Ring. Esse selo atesta a minha participação num rankiamento de blogs promovido pela Coca-Cola. Confesso que no início fiquei empolgado, mas depois de conferir a qualidade dos participantes, contentei-me em ter o meu espaço divulgado junto de tantos outros.
É disso que nasceu a grata supresa da semana. Recebi um e-mail noticiando a presença do "Aletômetro" entre os "Top 10" da quinzena. Tá certo. Ele está em 10º, mas para quem não esperava nada, está mais do que excelente.
A minha falta de expectativas quanto a entrada no "Top 10" se referia principalmente ao estilo do meu blog. O template é pronto, não possuí muitas fírulas, é bastante pessoal, e o que mais pesa: contém apenas palavras, nada de imagens - apenas palavras.
Não digo isso minimizando meu espaço ou tentando ganhar a simpatia e elogios de você que me mede as minhas verdades comigo. Também não falo a partir da comparação da qualidade do meu blog em relação aos demais. Digo tudo isso feliz, pois, se você visitar (e eu recomendo que o faça) o ranking do qual participo, notará que o meu é o único composto apenas de palavras e com textos, de certo modo, melancólicos e que falam basicamente do meu universo. Sei que ao convidar-te a fazer isso pareço estar contradizendo a afirmação de não estar comparando o "Aletômetro" aos demais. Mas digo a você: não estou fazendo isso, e explico.
Considero este espaço meu universo. Uma exteriorização do meu interior. E por diversas vezes (aqui, aqui e aqui) já disse isso. E quando digo "meu universo", o faço me remetendo ao que já disse Milan Kundera:
"O episódio de Banaka, que apontava o dedo indicador para o peito, chorando, porque não existia, me lembra um verso de 'O divã ocidental-oriental de Goethe': "Estamos vivos quando outros homens vivem?" Na pergunta de Goethe se esconde todo o mistério da condição de escritor: o homem, pelo fato de escrever livros, transforma-se em universo (não se fala do universo de Balzac, no universo de Tchekhov, no universo de Kafka?) e o próprio de um universo é justamente ser único. A existência de um outro universo o ameaça na sua própria essência (...) Aquele que escreve livros é tudo (um universo único para si mesmo e para todos os outros) ou nada. E porque nunca será dado a ninguém ser tudo, nós que escrevemos livros não somos nada. Somos desconhecidos, ciumentos, azedos, e desejamos a morte do outro (...) Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo diferente, e por isso quer, enquanto ainda é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras." (O livro do Riso e do Esquecimento, p. 101).
E pelo "Aletômetro" ser composto "apenas de palavras", não titubeio em dizer que sou um corpo de palavras. Recordo-me de uma conversa com a René, amiga a quem tanto amo, sobre a minha dificuldade de ver as coisas materialmente. Vez em quando, em nossos papos no msn, recorro em seu axílio para conseguir enxergar o mundo objetivamente. Também é por isso que adoro Alberto Caeiro, pois ele apenas vê a realidade, e como ele mesmo diz:
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
(trecho de "A espantosa realidade das coisas")
E diz novamente:
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
(trecho de "O que nós vemos")
E diferente de Caeiro eu preciso esforçar-me para vêr o mundo. E é por isso que tenho tanta dificuldade em colocar imagens nesse espaço. É por isso que ele é monocromático e transmite uma certa melancolia. Mas tudo porque o importante para mim não é o template, as imagens, as cores: mas as palavras. Enquanto escrevo cada palavra, sinto a vibração delas dentro de mim. Vibro com a força de cada uma, ouço cada expressão, vejo cada coisa que ela indica, enamoro toda a vida ou morte que ela transmite.
Meu universo é de palavras. E estou feliz, pois, num universo de blogs coloridos, cheios de imagens, textos alegres e que falam do cotidiano da vida de cada um, o meu universo está colocado entre os dez mais interessantes. E parafraseando Kundera, "o escritor está convencido de que um só olhar humano que não esteja presente nas linhas de sua obra coloca em questão a sua própria existência."
Nesse exato momento você afirma minha existência. São os seus olhos sobre essas linhas, que dão existência ao meu universo feito de palavras.
À você, uma palavra permeada de amor: obrigado.
É disso que nasceu a grata supresa da semana. Recebi um e-mail noticiando a presença do "Aletômetro" entre os "Top 10" da quinzena. Tá certo. Ele está em 10º, mas para quem não esperava nada, está mais do que excelente.
A minha falta de expectativas quanto a entrada no "Top 10" se referia principalmente ao estilo do meu blog. O template é pronto, não possuí muitas fírulas, é bastante pessoal, e o que mais pesa: contém apenas palavras, nada de imagens - apenas palavras.
Não digo isso minimizando meu espaço ou tentando ganhar a simpatia e elogios de você que me mede as minhas verdades comigo. Também não falo a partir da comparação da qualidade do meu blog em relação aos demais. Digo tudo isso feliz, pois, se você visitar (e eu recomendo que o faça) o ranking do qual participo, notará que o meu é o único composto apenas de palavras e com textos, de certo modo, melancólicos e que falam basicamente do meu universo. Sei que ao convidar-te a fazer isso pareço estar contradizendo a afirmação de não estar comparando o "Aletômetro" aos demais. Mas digo a você: não estou fazendo isso, e explico.
Considero este espaço meu universo. Uma exteriorização do meu interior. E por diversas vezes (aqui, aqui e aqui) já disse isso. E quando digo "meu universo", o faço me remetendo ao que já disse Milan Kundera:
"O episódio de Banaka, que apontava o dedo indicador para o peito, chorando, porque não existia, me lembra um verso de 'O divã ocidental-oriental de Goethe': "Estamos vivos quando outros homens vivem?" Na pergunta de Goethe se esconde todo o mistério da condição de escritor: o homem, pelo fato de escrever livros, transforma-se em universo (não se fala do universo de Balzac, no universo de Tchekhov, no universo de Kafka?) e o próprio de um universo é justamente ser único. A existência de um outro universo o ameaça na sua própria essência (...) Aquele que escreve livros é tudo (um universo único para si mesmo e para todos os outros) ou nada. E porque nunca será dado a ninguém ser tudo, nós que escrevemos livros não somos nada. Somos desconhecidos, ciumentos, azedos, e desejamos a morte do outro (...) Pois cada um de nós sofre com a idéia de desaparecer, sem ser ouvido e notado, num universo diferente, e por isso quer, enquanto ainda é tempo, transformar a si mesmo em seu próprio universo de palavras." (O livro do Riso e do Esquecimento, p. 101).
E pelo "Aletômetro" ser composto "apenas de palavras", não titubeio em dizer que sou um corpo de palavras. Recordo-me de uma conversa com a René, amiga a quem tanto amo, sobre a minha dificuldade de ver as coisas materialmente. Vez em quando, em nossos papos no msn, recorro em seu axílio para conseguir enxergar o mundo objetivamente. Também é por isso que adoro Alberto Caeiro, pois ele apenas vê a realidade, e como ele mesmo diz:
Uma vez chamaram-me poeta materialista,
E eu admirei-me, porque não julgava
Que se me pudesse chamar qualquer cousa.
Eu nem sequer sou poeta: vejo.
Se o que escrevo tem valor, não sou eu que o tenho:
O valor está ali, nos meus versos.
Tudo isso é absolutamente independente da minha vontade.
(trecho de "A espantosa realidade das coisas")
E diz novamente:
O essencial é saber ver,
Saber ver sem estar a pensar,
Saber ver quando se vê,
E nem pensar quando se vê
Nem ver quando se pensa.
(trecho de "O que nós vemos")
E diferente de Caeiro eu preciso esforçar-me para vêr o mundo. E é por isso que tenho tanta dificuldade em colocar imagens nesse espaço. É por isso que ele é monocromático e transmite uma certa melancolia. Mas tudo porque o importante para mim não é o template, as imagens, as cores: mas as palavras. Enquanto escrevo cada palavra, sinto a vibração delas dentro de mim. Vibro com a força de cada uma, ouço cada expressão, vejo cada coisa que ela indica, enamoro toda a vida ou morte que ela transmite.
Meu universo é de palavras. E estou feliz, pois, num universo de blogs coloridos, cheios de imagens, textos alegres e que falam do cotidiano da vida de cada um, o meu universo está colocado entre os dez mais interessantes. E parafraseando Kundera, "o escritor está convencido de que um só olhar humano que não esteja presente nas linhas de sua obra coloca em questão a sua própria existência."
Nesse exato momento você afirma minha existência. São os seus olhos sobre essas linhas, que dão existência ao meu universo feito de palavras.
À você, uma palavra permeada de amor: obrigado.