22.3.07
a quimica do amor
Para explicar as coisas do amor, nada melhor do que as teorias poetico-científicas encontrada nas palavras dos poetas e romanticos, conhecedores da vida não por meio de métodos e fórmulas, mas de sentimentos oriundos do corpo e da alma.
Durante essa semana, enquanto lia "Como água para chocolate" de Laura Estivel, já levado as telas de cinema por Alfonso Arau, encontrei uma passagem para mim mui esclarecedora sobre a tal "quimica" que rola quando nos apaixonamos por alguém.
Eis a explicação dada a personagem Tita, pela personagem, o médico John Brown.

Como vê, todos nós temos em nosso interior os elementos necessários para produzir fósforo. E além disso, deixe-me dizer-lhe algo que nunca confiei a ninguém. Minha avó tinha uma teoria muito interessante: dizia que ainda que nasçamos com uma caixa de fósforos em nosso interior, não podemos acendê-los sozinhos porque necessitamos, como no experimento, do oxigênio e da ajuda de uma vela. Só que nesse caso, o oxigênio tem de provir, por exemplo, do alento da pessoa amada. A vela pode ser qualquer tipo de alimento, música, carícia, palavra ou som que faça disparar o detonador e assim acender um dos fósforos. Por um momento nos sentimos deslumbrados por uma intensa emoção. Se produzirá em nosso interior um agradável calor que irá desaparecendo pouco a pouco conforme passe o tempo, até que venha uma nova explosão a reaviva-lá. Cada pessoa tem de descobrir quais são seus detonadores para poder viver, pois a combustão que se produz ao acender-se um deles é o que nutre de energia a alma. Em outras palavras, esta combustão é seu alimento. Se uma pessoa não descobre a tempo quais são seus próprios detonadores, a caixa de fósforos se umedece e já não podemos acender um só fósforo. Se isso chegar a acontecer, a alma foge de nosso corpo, caminha errante pelas trevas mais profundas tentando em vão encontrar alimento por si mesma, ignorando que só o corpo que deixou inerme, cheio de frio, é o único que podia lhe dar isso.

Claro que também deve tomar muito cuidado em ir acendendo os fósforos um por um. Porque, se por uma emoção muito forte, chegam a se acender todos de uma só vez produzem um resplendor tão forte que ilumina mais do que podemos ver normalmente, e então diante de nossos olhos aparece um túnel esplendoroso que nos mostra o caminho que esquecemos no momento de nascer e que nos chama a reecontrar nossa perdida origem divina. A alma deseja reintegrar-se ao lugar de onde provém, deixando o corpo inerte... Desde que minha avó morreu tentei demonstrar cientificamente esta teoria. Talvez um dia eu consiga. O que acha disso?
(Laura Estivel. Como água para chocolate. Record)

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