10.3.07
o senso crítico do brasileiro
Trecho de uma crônica do Tutty Vasques. Estou bastante propenso a concordar com ele....

O brasileiro não anda muito a fim de papo, quer falar sozinho. Todo mundo no país dispõe, se tanto, de meia dúzia de discursos indignados, oito palavrões, três ou quatro intolerâncias básicas e um neurônio anarquista meio pancadão para golfar suas idéias. Tenho visto pessoas que falam pra se aliviar. Gente que sai de um debate como alguém com dor de barriga deixa o banheiro. O país da lambança tem como uma de suas marcas registradas a inesgotável capacidade do seu povo de falar merda. Pode ser que agora mesmo eu esteja dizendo uma.

Ouçam a voz rouca das ruas: generalizou-se a safadeza. Aos olhos de todos, ninguém presta. O presidente, o guarda da esquina, o médico, o motorista de táxi, a sogra, a filha do vizinho, o traficante, o jornalista, a oposição, a mãe dos outros, o Bush. Tem gente falando sempre a mesma coisa, não importa se o assunto é política, religião, futebol ou mulher. Discute-se por tudo. Discorda-se de tudo. Ninguém ouve o que o outro tem a dizer para formular um raciocínio pertinente. “O negócio é o seguinte...” – e tome de barbaridades sobre a redução da maioridade penal para 16 anos, a política monetária, a bolsa de Xangai e a camiseta molhada de Alessandra Negrini na novela das oito...

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