24.4.07
sabedoria aos 90 anos
A sabedoria que ronda um senhor de noventa anos, personagem de Gabriel García Márquez.

"Virgens sobrando nesse mundo só os do seu signo, dos nascidos em agosto."

"Minha idade sexual não me preocupou nunca, porque meus poderes não dependiam tanto de mim como delas, e quando querem elas sabem o como e o porquê."

"A maior força invencível que implusionou o mundo não foram os amores felizes e sim os contrariados."

"Minha única explicação é que da mesma forma que os fatos reais são esquecidos, também alguns que nunca aconteceram podem estar na lembrança como se tivessem acontecido."

"A idade não é a que a gente tem, mas a que a gente sente."

"Se envelhece mais pior nos retratos que na realidade."

"Não se engane: os loucos mansos se antecipam ao porvir."

"Fique sabendo, Delgadina, a fama é uma senhora muito gorda que não dorme com a gente, mas quando a gente desperta ela está sempre olhando para nós, aos pés da cama."

"O sexo é o consolo que a gente tem quando o amor não nos alcança."

"Desde então, comecei a medir a vida não pelos anos, mas pelas décadas. A dos cinquenta havia sido decisiva porque tomei consciência de que quase todo mundo era mais moço do que eu. A dos sessenta foi a mais intensa pela suspeita de que já não me sobrava tempo para me enganar. A dos setenta foi temível por uma certa possibilidade de que fosse a última. Ainda assim, quando despertei vivo na primeira manhã dos meus noventa anos na cama feliz de Delgadina, me atravessou a idéia complacente de que a vida não fosse algo que transcorre como o rio revolto de Heráclito, mas uma ocasião única de dar a volta na grelha e continuar assando-se do outro lado por noventa anos a mais."

(Gabriel García Márquez. Memória das minhas putas tristes. 13 ed. Record, 2006)

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