29.4.07
o saber sobre a mulher
Texto de um grande amigo, Allan Ramalho, de quem tenho orgulho desde já.
Publicado com sua autorização.

A mulher representa um desafio para o saber... Não há uma mulher, mas mulheres. E certamente não gosto do reducionismo naturalista. Sartre fez uma brincadeira sobre isso num romance. Num diálogo, ele disse algo mais ou menos assim: Estude uma mulher, mais estude bem e conhecerás todas as mulheres... Isto é realmente engraçado... Parece que a mulher pode se reduzir a um conceito. Digo que não. Prefiro falar no plural: as mulheres. Cada mulher se apresenta um desafio para o saber... E quem conhece a conquista não conhece a mulher, mas uma técnica. A técnica do conquistar...

Don Juan não conhecia a mulher. Por que fazemos este retrato platônico dele? Ele não sabia o que queria, porque queria sempre, não poderia deixar de querer... Se ele soubesse um dia, talvez estaria satisfeito, mas é próprio do desejo não conhecer um destino, mas viver sempre à procura de possibilidades.

Diante das mulheres, meu saber fracassa e toda a minha argumentação torna-se nula. Sou um eterno aprendiz que nas amarras do desejo não sabe desejar, mas apesar disso sempre quero alguma forma de relação...

Prefiro tomar a mulher como uma metáfora... Pensamos sempre num feminino, mesmo que neguemos uma natureza feminina... O feminino está nas amarras de milhões de signos que nos atravessam ao longo da história.

Mais alguns enigmas serão sempre enigmas. Sempre diremos algo sobre a mulher, mesmo que sob a forma de um anti-conceito, ou pura interpretação. Algo diferente do senso comum e da ciência.

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