26.6.07
benignidade
Que o mundo vá a merda! – pensou diante da situação. Nunca imaginou ser esse o final. Era senhor de um pensamento puro e ingênuo quanto ao mundo. Não era inocente: sabia de sua ingenuidade e aguardava o dia em que a pureza se transformaria num misto de amargura, ódio e desprezo. Mas viveu, daquele modo puro e ingênuo, até o dia de hoje.

Não dizia nada. Apenas repetia consigo: - está tudo bem, não há com que se preocupar. Na vida, os bons sofrem para os maus serem felizes. Afinal, qual seria a coerência de ser bom quando se deseja apenas a felicidade de si mesmo? A bondade traz consigo a tristeza e o sofrimento, não importando a quem se dirija o bem de ser bom. Os bons são felizes sendo tristes; os maus são tristes sendo felizes.

Esforçava-se para crêr nisso.

Sabia tudo ser apenas discurso. Contudo, precisava crêr que não, pois era dono de um orgulho irrenunciável. Tudo o que era estava fundado aí: no seu orgulho de ser. Odiava a idéia de não-ser, ou ser alguém diferente daquele construído durante toda sua vida. Ia contra si para não ir contra o outro apresentado aos demais.

- Devo continuar a ser bom para os outros, mesmo isso sendo mau para mim.

E esforçava-se para crêr nisso.

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posted by rafael at 15:26 | Permalink |


1 Comments:


At 27 junho, 2007 19:41, Anonymous Anônimo

Menino que textos vc escreve!Achei teu blog pelo da Kaká e tô boba!
Que habilidade e coerência com as palavras...
E como nós esforçamos pra passar uma imagem que nem sempre é real e pior nos destrói como indivíduos.
É um questionamento que sempre me faço:o que faço em função do que os outros vão pensar?

 


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