O desígnio de Deus não se expressa mais com mandamentos externos, alheios ao próprio humanidade, e sim exaltando a aspiração congênita do humano pela sua própria plenitude, cuja meta é a perfeita semelhança com o Pai, que assimila a condição divina de Jesus, o Filho. O desígnio de Deus coincide assim com o anseio profundo do ser humano. Como conseqüência, para Jesus o pecado consiste em impedir, seja lá de que maneira for, a realização do desígnio divino: a plenitude humana.
Essa plenitude humana é bem caracterizada na fala de Jesus, quando esse elenca todas dimensões do ser humano que devem estar voltadas para o amor a Deus. Ao falar do coração, Jesus se refere a pessoa, ao ego que pensa, sente e deseja, com especial atenção à responsabilidade dele diante de Deus. A alma, aqui falada por Jesus, se refere à totalidade da existência e da vida humana, com a qual se preocupa e há cuidado constante, como ele expressa em Mt. 6.25.
Também, Jesus chama o ser humano ao conhecimento de Deus na totalidade de seu entendimento, que também pode ser traduzido por inteligência. Cabe frisar que inteligência não se resume apenas ao total de conhecimentos que uma pessoa adquiriu, mas também a capacidade de aprender e de adaptar-se satisfatoriamente a novas situações e ao ambiente em geral . E amar de toda a força implica em utilizar-se de todo o poder, de todas as energias, sejam essas físicas ou mentais, para se chegar a Deus, independentes dos obstáculos que se opõem a tal objetivo.
Desse modo, Jesus transforma a concepção de pecado: não é mais a transgressão a lei, mas tudo aquilo que reprime a vida é pecado. Jesus comunica sua experiência de vida e revela ao ser humano o valor supremo da mesma, estimulando-o a desenvolver ao máximo sua capacidade de amar.
A experiência do amor se concretiza na mudança da relação com Deus, consigo mesmo e com o mundo. A nova relação de Deus como Pai confere, além da liberdade, a segurança interior, visto que o Pai é puro amor e está sempre a favor do ser humano.
A nova relação consigo mesmo decorre da aceitação da própria realidade pelo ser humano e na ampliação de seu horizonte existencial, que o define como Filho.
A nova relação com os outros se baseia no fato deles também ser alvo do amor do Pai.
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