25.1.08
lembro, e com boas memórias
Ser personagem viva na lembrança de alguém não significa necessariamente ser benquisto pela pessoa. O bem da verdade é que as dores geralmente ocupam os primeiros lugares em nossas lembranças, permanecem por mais tempo vivas e são recorrentes com mais frequência. Talvez se deva ao fato de precisarmos sempre de uma motivação para estar feliz, enquanto que para se estar triste, basta estar só. Não que a solitude implique na tristeza; ao contrário, é imprescindível o estar só para medirmos o quanto somos nós e o quanto somos outros. E a tristeza espreita justamente na hora dessa medição, na hora do encontro comigo mesmo. Para se estar triste basta estar só porque é nesse momento que ocorre o nosso encontro com nossas mazelas, medos, inseguranças, decepções, sendo essas e algumas outras o alimento da dor. Daí as dores ocuparem os primeiros lugares em nossas lembranças, pois quando não somos distraídos pelo mundo fora de nós, somos levados involuntariamente para os aposentos nos quais são guardadas as incomodas velharias. Em muitos casos as personagens vivas na lembrança de alguém são justamente aquelas que geraram alguma dor. Cada um sabe o que já sofreu com outra pessoa, e por isso poupo-me de exemplificar. E quem gera dor, seja no entendimento, no coração, no afeto, na alma ou no corpo, normalmente não é benquisto. Mas ainda assim é lembrança viva, e mais viva do que as benquistas.

Ser esquecido também não implica em não ser mais benquisto e ter sido deixado de ser amado. Como já disse noutro momento: "Não podemos nos culpar por algumas amizades não mais cultivadas e pensarmos que isso seja consequência da nossa falta de afeto simplesmente. A vida é feita de histórias individuais onde cada qual escreve um diferente roteiro. Em algum momento mudamos e também nossos amigos e amigas. Por vezes, essas mudanças aproximam ainda mais. Porém, bem sabemos que elas mais distanciam, pois não mudamos da mesma forma e para a mesma direção. Tenho muitas amizades que hoje encontram-se apenas nas lembranças, mas nem por isso deixam de ser amizades e pertecentes a um passado irrecuperável. A verdade é outra: essas amizades ainda são presentes justamente por nos acompanharem ainda hoje em forma de lembranças e por ser responsáveis por quem somos nesse exato segundo e em todos àqueles porvir (...) É marcar elas de modo que sintam a necessidade de ser afetiva com as demais pessoas."

Ser amado e benquisto não se reconhece no fato de estarmos vivos na lembrança de alguém. Há apenas um modo nos reconhecermos amados e benquistos: nas provas de amor. "E o amor está na doação. Amar não é apenas um sentimento interno. Mas também, e principalmente, uma ação externa. Amor somente é amor quando se exterioriza. Daí ser fenômeno - palavra que vem do grego phainomenon que significa "aparência". Por isso não pode ser apenas um sentimento interno. Porque lá dentro somente nós vemos. E amor não é para nós, mas para os outros."

Eu tenho sido um dos poucos sobreviventes desse mundo egoísta a ser alvo da lembrança benquista e do amor provado. A meses ando recolhido em algum canto de meu espírito e por isso displicente na prova de meu amor e de minhas lembranças benquista de você, insistente em me visitar. A prova veio com a Van no selo "blog cabeça" e a com o "esse blog vale a pena conferir".







Infeliz
mente você não pode ver meu sorriso e meus olhos testemunhando meu apreço por ter teus olhos pousado sobre minhas parcas palavras. Mas enquanto não tenho provas, rogo por tua confiança nas minhas benquistas, ternas e amadas lembranças de tua singela passagem por sobre o rafael escrito nesses tortuosos vocábulos.

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posted by rafael at 19:35 | Permalink |


7 Comments:


At 26 janeiro, 2008 14:11, Blogger Flavia

Na minha lembrança ficam as pessoas que nos fizéram sofrer e sorrir, com a mesma intensidade.
Cada momento foi significativo na minha vida e nunca meço o fim de uma amizade ou relacionamento apenas pelas últimas experiências.
Todo momento vivido é valioso, são eles que moldam nossa personalidade e a forma que passamos a reagir ou tolerar às coisas.
E cada pessoa que proporcionou que feridas ou curativos, são responsáveis por cada momento desses.
A gente tem mais é que agradecer por tudo! Sem exceção!

Se eu não andasse ultimamente tão confusa e depois tão triste, não teria ganhado tantas palavras e tantos "copos d'água"...

Bjocas!

 

At 27 janeiro, 2008 01:00, Anonymous Anônimo

Provas de amor!!! Há muitas provas de amor, para cada um há um tipo, e para cada tipo, uma lembrança em especifico.

Você continua ainda o mesmo! Aproveite isto, e transforme em recursos!

 

At 29 janeiro, 2008 12:46, Blogger Leticia

Sinceramente elas devem estar encatadas com vc , com o texto , com o seu cuidado em nos fazer uma simples ação mais profundamente.
Vc realmente vai á fundo.
Ah aproveite e vai lá no blog que tbm tem presente pra vc.
Bjks.

 

At 29 janeiro, 2008 20:24, Blogger Vica

Adorei o post, mas eu, particularmente, tenho momentos felizes na minha solitude, porque adoro a minha própria companhia. Preciso de momentos meus como quem precisa de água. Obrigada pela visita, em qual página d'O Passado estás?

 

At 30 janeiro, 2008 13:59, Anonymous Anônimo

Lindas palavras as suas, moço. Muito reflexivas e pq não dizer românticas? Sim, pois se percebe que vieram de dentro de vc, do seu coração. Vc sabe se expressar muito bem e tem muito tato com as palavras...acho que já te disse isso.
Adoro ler-te e suas palavras tão bem trabalhadas são uma prova de seu carinho para seus leitores.
Parabéns pelos presentinhos, pois vc merece de verdade. Vc foi um achado nessa blogosfera!
Saudade.
Renne.

 

At 30 janeiro, 2008 14:12, Blogger Mila Cardozo

Os prêmios são a mostra de que o que escreves é bom... e que te notam... se tem gente que não te nota em toda tua intensidade... bom... vai ver tem gente que não é assim tão intensa....
Beijos Mila

 

At 31 janeiro, 2008 22:25, Anonymous Anônimo

Que texto bonito, Rafa. Comecei a ler e ele me prendeu de uma forma impressionante. Prêmios merecidos.
Beijoca
= )

 


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